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26 de março de 2019
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18:14

Mestranda da UFAM recebe ataques e ameaças após publicação de Eduardo Bolsonaro

Por
Sul 21
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Da Redação

Desde a última sexta-feira (22), a mestranda Cris Guimarães Cirino da Silva, do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), vem sendo atacada nas redes sociais por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro devido ao tema da sua pesquisa, intitulada “A Bolsonarização da esfera pública: Uma análise Foulcatiana sobre (RE) produção de memes a partir dos discursos de ódio nas falas de Bolsonaro”. Os linchamentos começaram após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhar no Twitter uma foto que mostra Cris e o título de seu trabalho.

Em seu tuíte, Eduardo Bolsonaro afirmou “Alguém me diga que isso é mentira… Não sei se dou risada ou se choro.”. Em resposta ao post, apoiadores do deputado federal e do presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicaram falas criticando a mestranda, a educação e as universidades federais.”Verifica-se a urgência no afastamento dessas aberrações”, “Triste essa realidade que se tornou nossas universidades federais. Quanto estrago causado pela esquerda, são inúmeros índices de alunos, professores com viés marxista” e “Enquanto o governo não cortar a verba para esse tipo de curso que promove esses temas, não vão parar” são alguns dos tuítes feitos pelos bolsonaristas. Segundo informações da Revista Fórum, Cris também teria sido ameaçada de ter seu carro quebrado na universidade.

 

Em um post no Facebook, o orientador de Cris, professor doutor Leonard Christy Souza Costa, manifestou-se em defesa da aluna. No texto ele afirma que o trabalho da mestranda repercutiu dessa forma porque “lembra as fake news do Presidente Bolsonaro”. Segundo ele, a pesquisa coletou publicações que mostram o discurso de ódio do presidente e as fake news propagadas por ele, e buscou “explicação analítica dentro do pensamento de Foucault”.

“O Bolsonaro dispara fake news e é um sério risco para a democracia brasileira. O mesmo ato de violência que ameaça uma mestranda de depredação do seu carro, corrobora com o fuzil substituindo a diplomacia e a autocracia substituindo a democracia. É preciso falar, se posicionar, criticar, caso não queiramos ver o Brasil ter uma Constituição feita, não por motivos jurídicos, mas por motivos autoritários. A Democracia é mais importante que a direita e a esquerda. A violência é uma lâmina que fere a quem recebe a facada, tanto quanto quem a utiliza”, afirmou Leonard em seu post.

Após a repercussão do caso, a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA-SSind) publicou em sua página no Facebook uma nota de solidariedade à mestranda e ao seu orientador. “O ataque a professores, professoras e discentes é um ataque a toda a comunidade universitária e fere os direitos estabelecidos constitucionalmente. […] Não ao pensamento único! Não ao discurso de ódio! Por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada”, diz a publicação.


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