Da Redação
Durante a tarde desta terça-feira (26), a hashtag #DitaduraNuncaMais entrou em primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil. A tag é uma reposta dos usuários da rede social à orientação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para que os quartéis comemorem o aniversário de 55 anos do golpe militar no país, que em dia 31 de março de 1964 destituiu do poder o ex-presidente João Goulart. A informação de que Bolsonaro estaria estimulando a comemoração foi divulgada na última segunda-feira (15) pelo jornal O Estado de S.Paulo.
No Twitter, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL) confirmou a decisão do Governo Bolsonaro: “A partir deste ano, o Brasil irá comemorar o aniversário do 31 de março de 1964. A data foi incluída na ordem do dia das FFAA e cada comandante decidirá como deve ser feita. É a retomada da narrativa verdadeira de nossa história. Orgulho”, afirmou ela em uma publicação.
A partir deste ano, o Brasil irá comemorar o aniversário do 31 de março de 1964. A data foi incluída na ordem do dia das FFAA e cada comandante decidirá como deve ser feita. É a retomada da narrativa verdadeira de nossa história. Orgulho🇧🇷 #Selva pic.twitter.com/SbkeIm7kAn
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) 26 de março de 2019
Por meio da tag #DitaduraNuncaMais os usuários estão lembrando os crimes cometidos pelo governo militar durante os 21 anos do regime ditatorial, que deixou 434 mortos, segundo informações da Comissão Nacional da Verdade (CNV). De acordo com o relatório da CNV, divulgado em 2014, 210 dessas pessoas ainda continuam desaparecidas. As publicações no Twitter não só relembram esses desaparecidos políticos, mas também mencionam as torturas cometidas contra crianças e a censura da liberdade de expressão e da imprensa.
Os posts também criticam os integrantes do governo que exaltam o golpe, principalmente o presidente Bolsonaro, que diversas vezes elogiou não só o regime militar, mas também o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido por realizar torturas nas dependências do DOI-Codi, dentre elas a da ex-presidenta Dilma Roussef, pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, cuja tortura ocorreu em 1971, e por levar os filhos de da ex-militante Amelinha Telles para vê-la torturada e em péssimas condições. O torturador, que virou um ícone da extrema direita brasileira, foi “homenageado” por Bolsonaro durante a votação do impeachment de Dilma, em 2016.
Em resposta a tag #DitaduraNuncaMais, bolsonaristas e apoiadores do regime militar criaram a hashtag #64NãoFoiGolpe.
Confira mais tuítes abaixo:
Estupro, tortura física, psicológica, assassinatos e desaparecimentos foram a marca da ditadura. Havia inclusive manual de como os militares deveriam torturar com choque, afogamento e sufocamento. É um absurdo o presidente comemorar crimes contra a humanidade #DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/JFFUmy3NQl
— Luciana Genro (@lucianagenro) 26 de março de 2019
A mesma galera que fez campanha em cima de uma falsa moral sobre “proteger as crianças” é aquela que quer comemorar um GOLPE que TORTURAVA CRIANÇAS!
Vocês não passam do mais puro lixo da história! Eu fico muito feliz de estar do lado OPOSTO! #DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/iuxtBQRaUg
— Adrieli Nunes Schons (@Adrieli_S) 26 de março de 2019
Estupro, tortura física, psicológica, assassinatos e desaparecimentos foram a marca da ditadura. Havia inclusive manual de como os militares deveriam torturar com choque, afogamento e sufocamento. É um absurdo o presidente comemorar crimes contra a humanidade #DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/JFFUmy3NQl
— Luciana Genro (@lucianagenro) 26 de março de 2019
Fui preso tres vezes, em uma delas torturado.
Família desesperada.
Motivo da prisão: “compositor”#DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/G7yPdvqK8D— Paulo Coelho (@paulocoelho) 26 de março de 2019
Quando vemos parlamentares defendendo a comemoração do golpe de 64, que perseguiu deputados, assassinou e chegou a fechar o Congresso Nacional, é sinal de que nossa democracia vai muito mal. #DitaduraNuncaMais
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) 26 de março de 2019
Para o Brasil, para famílias q perderam seus entes queridos e p/ a democracia, não há o que comemorar. Direitos foram cassados, torturas e mortes foram praticadas pelo Estado e liberdades foram suprimidas. Sem memória ñ há verdade, sem verdade ñ haverá justiça. #DitaduraNuncaMais
— Maria do Rosario #LulaLivre (@mariadorosario) 26 de março de 2019
Comemorar o golpe de 64 é desrespeitar a memória dos mortos e desaparecidos pela ditadura. É celebrar a tortura. É defender a violência no lugar do debate. #DitaduraNuncaMais
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) 26 de março de 2019
Mais um depoimento pra que a gente lembra o que foi a Ditadura Militar que Bolsonaro quer que seja comemorada. Em depoimento para uma novela do SBT, Ilda Martins, esposa de militante, morto durante o golpe, conta como foi presa e torturada. #DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/vpFvzm3B1M
— William De Lucca (@delucca) 26 de março de 2019
Não há o que comemorar. Caso você pense o contrário, você é tão repugnante quanto.#DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/aAWD17rR7R
— Sir. Israel, o Puto. (@IsraelDeBrito3) 26 de março de 2019
Se você se cala diante das barbaridade de Bolsonaro, que quer comemorar aniversário da Ditadura Militar, você se torna cúmplice desta excrescência, você relativiza os assassinatos, as perseguições, as torturas, tudo.
Se você não quer isso, se posicione. #DitaduraNuncaMais
— William De Lucca (@delucca) 26 de março de 2019