Da Redação
Desde o dia 22 de abril, os muros do Instituto Goethe de Porto Alegre ganham contorno e cores com o projeto ‘Pixo/Grafite – realidades paralelas’, realizado para discutir modalidades de street art. Na manhã desta terça-feira (1˚), no entanto, as obras foram cobertas pela frase: “Ele ressuscitou”. Em letras grandes, no que parece ter sido uma intervenção apressada, as palavras foram escritas por cima de desenhos dos artistas Rafael Pixobomb e Amaro Abreu. Um deles representava a imagem de Jesus Cristo decapitado, com a face vermelha e os olhos amarelos.
Desde a abertura, o Instituto tem recebido ameaças pelos desenhos, com mensagens de ódio circulando por suas redes sociais. “Em nenhum momento foi intenção do projeto ou do Instituto ofender sentimentos religiosos”, afirma o Goethe por meio de nota. “Respeitamos todas as crenças, manifestações e liberdade de expressão”, completa. O Instituto também afirma que acredita na promoção do diálogo como forma de combater a intolerância. Assim, irá promover um debate para discutir a ligação entre arte e religião.
Essa é a segunda vez em menos de um ano que manifestações artísticas são alvo de ataque no Rio Grande do Sul. Em setembro de 2017, a exposição ‘Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira’, instalada no Santander Cultural, ficou aberta para o público por apenas 24 dias. Depois de 72 horas de críticas nas redes sociais, acusando as obras de fazer apologia à zoofilia, à pedofilia e ofendiam a religião cristã, a exposição foi cancelada.
A ‘Pixo/Grafite – realidades paralelas’ deverá continuar aberta com as obras dispostas dentro e fora do Instituto até o dia 19 de maio. No entanto, a intenção do Goethe é de que o muro permaneça. No Twitter, usuários se manifestaram contra a violação. Para a pré-candidata à presidência Manuela D’Ávila, “o ataque à arte é censura e um grande exemplo dos tempos sombrios que estamos vivendo”.
Ainda essa semana me manifestei sobre os ataques que o Instituto Goethe vinha recebendo em função de uma grafite com Cristo. O ataque à arte é censura e um grande exemplo dos tempos sombrios que estamos vivendo.
👉👉https://t.co/75iRhqmvki https://t.co/HMuV5jq97O— Manuela (@ManuelaDavila) 1 de maio de 2018
Através do Facebook, Margarete Moraes escreve que, para ela, o 1˚ de Maio de 2018 entrou como um marco negativo para a história. ENtre os motivos, a abertura de precedentes com o fechamento do Queermuseu para ações como o ocorrido no Instituto Goethe.