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28 de dezembro de 2017
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18:00

‘O ano 2017 foi um ano de massacre’, diz padre da Pastoral Carcerária

Por
Sul 21
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‘O ano 2017 foi um ano de massacre’, diz padre da Pastoral Carcerária
‘O ano 2017 foi um ano de massacre’, diz padre da Pastoral Carcerária
Comitiva do CNJ visita a Unidade Penitenciaria Doutor Francisco D’Oliveira Conde – Rio Branco AC | Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ

Da Redação

O ano que começou com algumas das maiores chacinas da história do sistema prisional brasileiro foi “um ano de massacre” em geral para encarcerados e encarceradas em todo o país, segundo o padre Gianfranco Graziola, vice-presidente da Pastoral Carcerária.

Em carta divulgada pelo site Vatican News, na véspera de Natal, Graziola escreve: “Por incrível que pareça, depois de 25 anos, a impunidade e a barbárie do Carandiru volta a se repetir, a semear morte e sangue, expressão de uma sociedade individualista, punitivista, militarizada e incapaz de encontrar caminhos para responder aos seus grandes questionamentos”.

O padre lembra ainda os esforços e atividades da própria Pastoral que vem defendendo a agenda de desencarceramento como única solução para o país. Em 2017, pela primeira vez na História, o Brasil passou a Rússia e se tornou o terceiro país com a maior população carcerária no mundo.

Confira a carta na íntegra:

Chegamos ao final de um ano bastante intenso e complexo para a nação brasileira devido a uma conjuntura sócio política estrutural que acaba mercantilizando e massacrando as categorias mais pobres e a risco, como é o caso do sistema penitenciário onde se reflete com maior evidencia a barbárie do sistema econômico imperante.

O ano 2017 foi para os encarcerados e encarceradas um ano de massacre, inaugurado com sangue, mortes, barbárie, fruto de um sistema que continua matando, degolando, encarcerando, oprimindo e regulando com o aprisionamento massivo os jovens pobres, pretos e periféricos, assim como aconteceu em Manaus, Amazonas; Boa Vista, Roraima; Alcaçuz , Rio Grande do Norte, continuando com mais mortes durante todo o ano chegando até a penitenciaria feminina de Santana, na grande São Paulo com a morte de cinco mulheres em pouco mais de um mês e as recentes de Cascavel no Paraná, Salgueiros em Pernambuco e novamente Roraima.

Por incrível que pareça, depois de 25 anos, a impunidade e a barbárie do Carandiru volta a se repetir, a semear morte e sangue, expressão de uma sociedade individualista, punitivista, militarizada e incapaz de encontrar caminhos para responder aos seus grandes questionamentos e particularmente à mudança de época que exige um novo olhar sobre a realidade em continua movimentação e mudança.

Apesar deste cenário negativo, nossa romaria como Pastoral Carcerária Nacional e Internacional a Aparecida, em outubro passado e o seminário em Olinda, terra de profecia e presença de Dom Herder Camara, debatendo desencarceramento e relançando com bem quarenta e três entre organizações o sonho de “um mundo sem cárceres”, o ano 2018 será o ano de fazer memória e retomar o espírito de Medellin que de nós exige sejamos uma Igreja pobre com os pobres e ao mesmo tempo presença sócio transformadora para ser sal e luz do mundo onde superada a violência e suas causas possamos realizar a ecologia integral e cuidar da Casa Comum.

Um abençoado Natal! O menino nascido nas Belém de nosso dias seja o sinal de uma nova humanidade em 2018!


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