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2 de novembro de 2015
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15:39

Feministas denunciam agressão policial em Porto Alegre

Por
Sul 21
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Feministas denunciam agressão policial em Porto Alegre
Feministas denunciam agressão policial em Porto Alegre
Imagem divulgada junto à nota na página da Flifea. Foto: Reprodução
Imagem divulgada junto à nota na página da Flifea. Foto: Reprodução

Da Redação

Mulheres que participavam de um ato na praça entre as ruas Jerônimo de Ornelas e Santa Terezinha, no bairro Farroupilha, na noite de domingo (1), divulgaram uma nota em que relatam terem sido vítimas de violência policial. “Muitas agressões aconteceram de maneira simultânea, havendo inclusive policiais que sacaram armas de fogo – um deles sacou uma arma e ameaçou várias de nós dizendo ‘eu vou queimar você’”, diz o texto.

Outros relatos nas redes sociais reforçam a denúncia. Um vídeo, gravado de uma janela vizinha mostra a chegada de um grupo de policiais à praça e muitas pessoas correndo, logo depois. Junto às imagens, a autora do vídeo escreveu: “Se alguém chamou a polícia pra resolver alguma coisa, conseguiu foi estragar a noite de umas 50 meninas e alguns meninos. Os policiais eles optaram pela violência descabida e gratuita. Vi tudo da minha janela. Ironia: dia de finados”.

Outra usuária do Facebook afirma em sua página ter testemunhado da sacada de casa a agressão, e dá sua versão dos fatos: “Quando gritei ‘muito bonito, batendo em mulher’ um deles me respondeu ‘vai à merda, vadia maconheira'”.

O encontro integrava a programação da primeira Feira do Livro Feminista e Autônoma (Flifea), que acontece paralelamente à 61ª Feira do Livro de Porto Alegre.

O Sul21 procurou a Brigada Militar, mas, até o momento, não conseguiu obter mais informações sobre a denúncia.

Confira a nota divulgada pelas feministas na íntegra:

URGENTE! Pedido de solidariedade – Agressão policial durante a FLIFEA

Desde o início da FLIFEA sofremos perseguições e agressões machistas e fascistas, com ameaças, provocações e presenças hostis, que foram constatadas e enfrentadas em cada momento. Mas o que aconteceu nesta noite de domingo (01/11/15) merece uma denúncia específica para apontar a violência estatal que expressa a misoginia institucional que violenta mulheres sistematicamente.

Na noite de domingo estava acontecendo um ensaio artístico, com a presença de em torno de 20 mulheres, e uma viatura chegou com dois policiais que vieram supostamente devido ao barulho. Eles filmaram e intimidaram as mulheres presentes que estavam falando com eles, o que gerou reações de proteção entre as mulheres, como se organizar para ir embora e filmar a situação. Em seguida chegaram outras viaturas com mais policiais que foram extremamente agressivos e marcadamente racista desde o início e tentaram deter uma de nós de maneira violenta, o que desencadeou uma série de agressões físicas por parte da polícia das quais nove mulheres ficaram feridas, sendo que quatro gravemente e precisaram de atendimento médico.

Muitas agressões aconteceram de maneira simultânea, havendo inclusive policiais que sacaram armas de fogo – um deles sacou uma arma e ameaçou várias de nós dizendo “eu vou queimar você”. Entre as ameaçadas nessa situação, uma das mulheres inclusive avisou que estava grávida, o que não foi relevante para os policiais. Dois moradores que estavam na praça no momento do ocorrido também foram agredido com cacetetes (sic) pela polícia. As mulheres que estavam com celulares foram alvo específico de agressões, e dois celulares foram roubados pelos policiais. Algumas das mulheres que tentavam fugir eram perseguidas e derrubadas e não conseguiam sair das agressões dos policiais, caídas no chão apanhavam com cacetetes (sic) e chutes, enquanto outras voltavam pra colocar seus corpos como escudos para tentar protegê-las e tirá-las dali. Essa cena se repetiu sucessivamente, e em meio a espancamentos com cacetetes (sic) as mulheres conseguiram chegar até as proximidades do Hospital de Clínicas, quando os policiais finalmente dispersaram.

Em nenhum momento companheiras ficaram para trás, conseguimos nos reunir em segurança para escrever este relato e para chamar a solidariedade de todas as pessoas que possam nos apoiar neste momento. A feira está programada para continuar suas atividades na segunda feira (02/11/15), no mesmo local onde ocorreram essas agressões. Considerando que mulheres chegarão desavisadas do ocorrido, temos que nos fazer presentes e precisaremos de todo o apoio possível. Começaremos o dia com uma roda de conversa sobre essa situação. Precisamos da presença da maior quantidade de pessoas possível para garantir a continuidade da feira nesse último dia. É assim que a gente revida, não nos calando e resistindo juntas não apenas na disputa pela rua e o espaço público mas também contra um sistema que não admite a auto-organização de mulheres e que se sente ameaçado pela nossa existência insubmissa. Foi escancarado o acréscimo de ódio que a misoginia teve nesse episódio e sentimos que isso precisa ser enfrentado pela nossa sobrevivência, por todas nós que vivemos na guerra desse mundo contra as mulheres.


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