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17 de outubro de 2019
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17:04

Brasil: um país receptivo à diversidade?

Por
Sul 21
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Por agência de marketing digital emarket

Palco de ampla diversidade cultural, Brasil mostra aversão ao diferente. (FONTE: defatooline.com.br)

O Brasil é um dos países que possui uma grande diversidade em seu território, seja pela vastidão da fauna e da flora ou pelas múltiplas culturas que convivem e se relacionam em terras brasileiras. Embora seja visto como uma espécie de país das maravilhas por tal diversidade, existem alguns aspectos escondidos que levantam questionamento quanto ao diverso.

O preconceito é um conceito ou uma opinião previamente concebida sobre determinado grupo ou pessoa, sem qualquer informação ou razão. O preconceito ocorre a partir de uma simplificação, estabelecendo categorizações sociais através da criação de estereótipos.

Mesmo que haja muita diversidade cultural pelo país, há, na mesma proporção, muito preconceito. E isso não está voltado exclusivamente para pessoas de outros países que vieram morar aqui por alguma razão. Um dos maiores alvos de preconceito no Brasil – se não o maior – é o preconceito interno, com suas próprias e diversas regiões.

Como se desenvolve tal preconceito?

Há muito tempo, o ensino da língua portuguesa se perpetua e em muitas ocasiões até provoca um tipo de preconceito específico: o linguístico. O autor e linguista Marcos Bagno, doutor em filologia e língua portuguesa pela Universidade de São Paulo, em seu livro Preconceito Linguístico, observa como há uma ideologia dominante no ensino da norma-padrão e como essa não esconde seu ideário político conservador e elitista.

O que traz um aspecto mais nocivo quanto ao preconceito que impera no Brasil é a exclusão daqueles que não se adaptam ou não possuem oportunidade de adquirir mais cultura por conta da sua condição social ou por possuírem algum tipo de deficiência física ou mental, entre outras razões.

A exclusão provocada pelo preconceito

A exclusão é um fantasma que o Brasil precisa enfrentar e extinguir. (Fonte: gazetadeiracemapolis.com)

A questão do entretenimento é um bom ponto de partida para evidenciar as desigualdades existentes nessa enorme diversidade brasileira. Pouquíssimas são as pessoas que possuem privilégios que garantem práticas de lazer e relaxamento, ou condições financeiras o suficiente para se divertir em sites de aposta Brasil, uma outra grande parte sequer tem acesso a meios de entretenimento. O preconceito linguístico acaba por privar uma parcela importante da população de atividades básicas do cotidiano humano, e isso está ligado ao fato de a língua padrão ser ensinada de forma única e exclusiva para os que compõem uma chamada elite do conhecimento.

Um estudo antigo feito pelos economistas Ricardo Paes de Barros e Lauro Ramos indicava que, se todos os brasileiros tivessem o mesmo nível educacional, a desigualdade econômica seria até 50% menor no Brasil.

Ainda que existam muitas escolas em atividade no país e um alto número de pessoas matriculadas, há também um altíssimo número do lado oposto. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 2 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão fora da escola, o que representa 5% dos indivíduos nessa faixa etária. E o pior de tudo é que quase metade dos 800 municípios pesquisados não toma nenhuma medida para acabar com essa triste realidade, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

Essa situação brasileira onde crianças pobres estão fora do sistema de educação agrava ainda mais o preconceito social e linguístico. Se essas crianças não possuem a oportunidade e não conseguem desfrutar daquilo que lhe é seu por direito, sua possibilidade de ascensão intelectual termina os confinando à subordinação daqueles que são provenientes da elite.

Para o Brasil extinguir essa falsa diversidade e encarar de fato toda a sua toxicidade com os desafortunados, se faz necessário que a sociedade compreenda as dificuldades do outro e ofereça apoio e condições de melhorias em vez de oferecer palavras ofensivas, reflexos dos mais bizarros preconceitos.

Para o Ministério da Educação (MEC), o papel da escola é não só o de ensinar a forma culta da língua, mas também o de combate ao preconceito contra os alunos que falam “errado”. Para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) em nota enviada ao portal iG, “o reconhecimento da variação linguística é condição necessária para que os professores compreendam o seu papel de formar cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade, de acordo com as exigências da vida e da sociedade. Isso só pode ser feito mediante a explicitação da realidade na sala de aula”.


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