Débora Fogliatto
Diversas capitais brasileiras realizam, neste sábado (3), um ato em comemoração ao aniversário da Petrobrás e em defesa da companhia estatal. A mobilização é a primeira da Frente Brasil Popular, que reúne diversas centrais sindicais e entidades com o objetivo de defender a democracia e, ao mesmo tempo, reivindicar uma nova política econômica voltada para os direitos dos trabalhadores.
Em entrevista coletiva realizada na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (1º), representantes da Frente no Rio Grande do Sul deram detalhes sobre sua atuação. “A Petrobrás é uma conquista do povo brasileiro e nesse momento está ameaçada pelo Projeto de Lei 131, do senador José Serra (PSDB), que busca romper com o conceito da exclusividade da Petrobrás no pré-sal”, explicou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo.
Por ter como objetivo pensar em alternativas para a crise econômica diferentes das que estão em curso no momento, ele apontou que as organizações “veem na defesa da Petrobrás uma pauta estratégica”. O secretário da juventude da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB-RS), Igor Pereira, frisou que “a Petrobrás não é um problema, que deve ser vendida e quebrada e está em crise, mas sim uma solução”. “A defesa da Petrobrás é muito importante nesse momento de crise. É preciso combater corrupção dentro dela, mas preservando que permaneça estatal”, ponderou.
Da mesma forma, a representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Thaís Berg, destacou que “garantir a soberania da Petrobrás é garantir a educação”, referindo-se à determinação do governo federal de que os royalties do petróleo serão destinados principalmente para a educação. Já a dirigente estadual do PCdoB, Abigail Pereira, criticou a forma como diversos jornais do país têm lidado com o assunto. “Infelizmente, a mídia tem tido um papel desastroso de deturpar a realidade em que vivemos. O pré-sal nos dá a possibilidade de nos tornarmos terceira potência mundial em petróleo, e não vimos a imprensa ovacionar e comemorar isso”, afirmou, acrescentando que “a Petrobrás significa nossa independência”.
O pré-sal é um “bilhete premiado” que o Brasil precisa saber valorizar, segundo o representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Dary Beck Filho. “O controle do uso desse petróleo nos coloca num patamar de jazidas de petróleo muito alto. Não podemos perder essa oportunidade e achar que devemos entregar para as multinacionais que vem explorar”, defendeu. Ele lembrou que a Argentina fez isso na década de 1990 e “todo seu petróleo foi entregue para o lucro privado”, fazendo com que apenas depois dessa exploração o governo formasse uma empresa estatal.
A Frente reúne, nacionalmente, mais de 100 entidades, e os integrantes afirmam que está aberta para conseguir mais adeptos. Em Porto Alegre, o ato acontece com concentração a partir das 10h no Largo Glênio Peres, ao lado do Paço Municipal, de onde sai por volta das 11h até a Praça da Alfândega, para realizar um abraço simbólico no monumento da Torre do Petróleo.
