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1 de julho de 2015
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20:03

Jaime Lerner entrega projeto de revitalização de mais um trecho da Orla do Guaíba

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Sul 21
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Responsável pelo projeto de revitalização do Cais Mauá e da Orla do Guaíba, Jaime Lerner foi o convidado da reunião-almoço da Federasul|Foto: Ivan Andrade/Federasul
Responsável pelo projeto de revitalização do Cais Mauá e da Orla do Guaíba, Jaime Lerner foi o convidado da reunião-almoço da Federasul|Foto: Ivan Andrade/Federasul

Jaqueline Silveira

Responsável pelos projetos de revitalização do Cais Mauá e da Orla do Guaíba, na Capital, o arquiteto e ex-governador do Paraná Jaime Lerner foi o palestrante do Tá na Mesa da Federasul desta quarta-feira (1°). Na ocasião, ele anunciou que entregou, na terça-feira (30), à prefeitura o primeiro esboço da revitalização do novo trecho do Guaíba, entre a Rótula das Cuias e o Estádio Beira-Rio, para a qual ele também foi contratado. O trecho, conforme Lerner, terá 25 quadras poliesportivas e “a maior pista de skate da América Latina”, além de áreas arborizadas.

A revitalização do porto será realizada pelo Consórcio Cais Mauá Brasil, que arrendou o local. Nesta quarta-feira, inclusive, o diretor-presidente da empresa NSG, Luiz Eduardo Abreu, entregou o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) à prefeitura, permitindo a emissão das licenças necessárias para o começo das obras estimadas em R$ 700 milhões. Segundo a NSG, integrante do consórcio, o trabalho deve iniciar em 2016. A revitalização, que prevê a restauração dos 11 armazéns, instalações de restaurantes e áreas de lazer, construção de um shopping na Usina do Gasômetro, torres e um centro de eventos, tem causado polêmica, já que movimentos sociais, como o Ocupa Cais Mauá, criticam a privatização da Orla e que o projeto apresentado não oportuniza a convivência da população e não preserva sua paisagem.

Já as obras no trecho da Orla da Usina o Gasômetro até a Rótula das Cuias ainda não saíram do papel porque as três licitações lançadas pela prefeitura não tiveram empresas interessadas. Estimada em R$ 57,4 milhões, a obra prevê a construção de ciclovia e caminhos iluminados com fibra ótica, fazendo com que toda a orla seja iluminada com lâmpadas led, e um terminal turístico, além da instalação de bares.

Nesta quarta-feira, Lerner disse que esses dois projetos não saíram do papel porque “são complexos e demorados”. “São dois projetos diferentes. O do Cais envolve muitas entidades. Hoje (quarta), foi entregue o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) e essa é uma etapa fundamental”, afirmou ele, acrescentando que a demora também se deve à mudança de alguns dos investidores do Consórcio Cais Mauá. O arquiteto disse que trabalha nesse projeto há cinco anos. Sobre a revitalização da Orla do Guaíba, o ex-governador frisou que não houve modificações e a proposta inicial foi mantida. Nesse caso, na opinião dele, “precisa ter mais interesse da iniciativa privada em fazer a obra”. “Todos esses projetos têm uma complexidade e têm uma avaliação de custos, tem de conciliar a disponibilidade. Eu acho que é o empreendimento mais importante do país”, reforçou o arquiteto.

Lerner disse que é concidade para fazer os projetos e não vê problema em não er licitação|Foto: Ivan Andrade/Federasul
Lerner disse que é concidade para fazer os projetos e não vê problema em não er licitação|Foto: Ivan Andrade/Federasul

Contratos sem licitação

Nos três projetos de revitalização, a prefeitura contratou Lerner sem licitação com base “no notório saber” previsto na Lei de Licitações, mas o fato causou polêmica na Capital, a exemplo de outras cidades do país que usaram o mesmo argumento para contratar o escritório do reconhecido arquiteto. Alguns Tribunais de Contas do país chegaram a questionar a falta de licitação. O arquiteto afirmou, no entanto, que não teve problemas com TCEs e que é “convidado” para fazer o projeto e não envolve as futuras obras. “É licitação para a concepção do projeto. Eu não vejo necessidade de concorrência”, observou ele, que tem trabalhos também em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, além de países como México, Angola e República Dominicana. Recentemente, o ex-governador foi contratado para fazer um projeto de sustentabilidade do Bairro Quartier, em Pelotas, na zona sul do Estado.

Cidade sustentável

Para o arquiteto, uma cidade sustentável é aquela que, por exemplo, prioriza a convivência das pessoas, usa menos automóveis e os trabalhadores moram próximo do emprego. “A cidade sustentável é uma equação muito simples: entre aquilo que você poupa e aquilo que você desperdiça” explicou Lerner. Na sua visão, é preciso haver uma integração entre vida, trabalho e mobilidade. “O empreendimento é bom se atender toda a população. O processo de planejamento nas cidades está muito burocratizado”, sustentou o ex-governador, que deixou a política há 13 anos para se dedicar ao trabalho de seu escritório.

Ele afirmou que não só o Brasil, mas o mundo caminha para cidades integradas e com menos veículos. Para isso, segundo ele, é preciso investir num transporte público de qualidade,  priorizando não só a construção de BRTs (corredores rápidos de ônibus), mas também o sistema operacional. “A cidade tem de dar mais espaço para as pessoas, para as bicicletas. O uso do automóvel será diferente. Os automóveis serão para viagens, lazer, mas no dia-a-dia das cidades terão de se resolver sem transporte individual”, completou o arquiteto de 78 anos sobre a rotina dos grandes conglomerados no futuro.

 


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