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3 de março de 2015
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17:03

‘Sem amor, é melhor ficarmos em casa’, diz Salma Valencio sobre novo desafio na Diretoria de Políticas para Mulheres

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Sul 21
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A Secretária Extraordinária de Políticas Sociais, Maria Helena Sartori, participou, na manhã desta terça-feira (03), da cerimônia de posse da nova diretora do Departamento de Políticas para as Mulheres da SJDH, Salma Farias Valencio./ Foto: Karine Viana/Palácio Piratini
A Secretária Extraordinária de Políticas Sociais, Maria Helena Sartori, participou, na manhã desta terça-feira (03), da cerimônia de posse da nova diretora do Departamento de Políticas para as Mulheres da SJDH, Salma Farias Valencio./ Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Da Redação

Meia hora foi o suficiente para a nova diretora estadual de Política para as Mulheres, Salma Valencio, estar oficialmente empossada. Formalizada no cargo há 15 dias, a nova gestora recebeu pompas e homenagens em cerimônia no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) nesta terça-feira (3). No discurso de posse, Salma foi breve e evocou termos como ‘humildade, gratidão e amor’ para se referir ao desafio que lhe foi dado pelo governador José Ivo Sartori, por meio da indicação da primeira-dama Maria Helena Sartori.

A cerimônia começou pontualmente às 10h e reuniu apoiadoras da nova diretora, dirigentes do PMDB Mulher e autoridades do judiciário que atuam nas questões de gênero e da Brigada Militar. Também estiveram presentes algumas representantes de coordenadorias municipais da Mulher e ativistas de movimentos sociais feministas.

Foto: Karine Viana/Palácio Piratini
Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Primeiro a falar, o secretário Estadual de Justiça e Direitos Humanos, César Faccioli, referendou a indicação de Salma, salientando que a diretoria não reduz as funções da extinta Secretaria de Políticas para Mulheres. “É um gesto de humildade”, definiu sobre o enxugamento da máquina feito com o fechamento da pasta.

Neste sentido, a nova diretora salientou que o trabalho não sofrerá prejuízos, uma vez que bons quadros ocupam funções importantes para a execução das ações de igualdade de gênero e combate à violência no estado. “Temos a Themis (entidade de Gênero, Justiça e Direitos Humanos), o Fórum Estadual das Mulheres, temos a Brigada Militar com a Patrulha Maria da Penha. Apesar de extinguirmos a secretaria montamos um time de mulheres que sempre lutaram”, disse Salma.

Também utilizando a palavra ‘humildade’, a diretora fez questão de quebrar o protocolo e falar fora da mesa de autoridades. “Me aproximar dos meus pares”, disse. Olhando diretamente para as mulheres da plateia, Salma explicou que seu compromisso está pautado na ampliação das políticas em curso e na ampliação da rede de serviços articulada na gestão de Tarso Genro. “Eu estou diretora. Apesar das minhas convicções, não sou dona da verdade. Então, quero estar junto das mulheres que construíram este trabalho”, afirmou. O principal elemento da política da nova diretora será ‘o amor’. “É o primeiro mandamento. Só conduz este serviço quem ama o outro e está atribuído de amor. Se não tivermos esta certeza, melhor ficarmos em casa”, falou Salma.

Primeira-dama discursou sobre papel da mulher na posse de Salma Valencio. /Foto: Karine Viana/Palácio Piratini
Primeira-dama discursou sobre papel da mulher na posse de Salma Valencio. /Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Após o discurso, Salma Valencio foi homenageada pelas colegas de partido da executiva do PMDB Mulher. Em seguida, a madrinha e parceira na execução das políticas de gênero, Maria Helena Sartori, discursou. A primeira-dama buscou na filosofia de Platão o paralelo para indagar sobre o papel da mulher na atualidade. “Ele já questionava, à sua época, a dicotomia entre homens e mulheres. Se as mulheres assumirem as funções dos homens, quem fará suas funções?”, refletiu. Para Maria Helena, a luta pela igualdade de gênero não pode ser imposta. “Não podemos impor nosso lado feminino sobre o masculino. Não buscamos mudar a essência feminina, mas uma sociedade democrática e solidária que promova paz e a fraternidade universal”, proferiu ao grupo.

Desejando sucesso à nova diretora de Políticas para as Mulheres, a primeira-dama encerrou seu discurso citando outro homem, o marido e governador José Ivo Sartori. “Como diz o Sartori, o trabalho vem antes do sucesso no dicionário”, falou sobre trabalhar primeiro para depois colher os frutos.

Projetos estaduais e recursos federais sem previsão

Prevista para ser inaugurada no Rio Grande do Sul, a segunda Casa da Mulher Brasileira não tem previsão de ser encaminhada pelo governo estadual. Os ônibus que realizavam até o ano passado incursões no interior do estado e no litoral, levando os serviços da Rede Lilás, também não voltaram a rodar no estado. A linha de crédito para mulheres em situação de violência, aberta pelo governo anterior junto ao Banrisul, também é de ciência da nova diretora de Políticas para Mulheres, mas ainda não tem uma política de acesso definida. “Estamos no começo do governo e esta diretoria não fez transição. Estamos fazendo um levantamento de tudo que estava sendo feito e vamos manter e ampliar o que estava dando certo”, garantiu Salma Valencio.

Secretário de Justiça e Direitos Humanos, César Faccioli diz que momento é de 'escuta das mulheres'. / Foto: Karine Viana/Palácio Piratini
Secretário de Justiça e Direitos Humanos, César Faccioli diz que momento é de ‘escuta das mulheres’. / Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

Questionado sobre o tamanho do orçamento da pasta que será destinado às políticas de gênero, o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, César Faccioli, não precisou a capacidade de recursos para esta finalidade. No entanto, no discurso, falou que o momento é de escutar as necessidades das mulheres. “Primeiro fazemos a escuta. O que não significa que estamos parados. Isso não é ausência de projetos, é ausência de fundamentalismo teórico”, justificou.

A representante do Fórum Estadual de Mulheres, Fabiane Dutra, prestigiou a posse da nova diretora, mas se diz insatisfeita com a condução da política de gênero no estado. “Ter sido extinta a  Secretaria de Políticas para as Mulheres faz toda a diferença no alcance do trabalho. Nós queremos a SPM de volta. Mas isto não impede de estarmos aqui para desejar êxito ao trabalho da nova diretora. A excelência do trabalho dela garantirá o que queremos, que são os serviços para as mulheres lá na ponta deste processo”, comenta. Independente do partido ou do governo, afirma Fabiane, as ações precisam de continuidade e fiscalização da sociedade. “Eu sou de um partido de oposição ao governo, mas estou aqui porque represento um movimento social que se preocupa com as conquistas que fizemos ao longo do tempo. Nenhuma veio de graça em governo nenhum, sempre tivemos que lutar, enquanto mulheres, para conseguir nossos espaços”, defende.

A posse da nova diretora integra a programação especial pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Na quarta-feira (4) será exibido o filme “Canto da Cicatriz”, da diretora Laís Chaffe, às 16h no Centro Administrativo. Na quinta-feira (5), entre 9h e 11h, acontece debate sobre ‘Relações afetivas e seus conflitos: porque meter a colher’ com representante do Núcleo de Pesquisa em Relações de Gênero e Sexualidade (Nupsex) da Ufrgs Priscila Pavan Detoni e a secretária de Saúde da Unesco, Hellen Barbosa dos Santos.


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