Areazero
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20 de novembro de 2014
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17:00

Caso Eduardo Fösch: “Nunca acreditei na tese de morte acidental”, diz promotora

Por
Sul 21
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Caso Eduardo Fösch: “Nunca acreditei na tese de morte acidental”, diz promotora
Caso Eduardo Fösch: “Nunca acreditei na tese de morte acidental”, diz promotora
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Família e amigos de Eduardo Fösch estão mobilizados em busca de uma resposta sobre o que aconteceu com o jovem na noite do dia 27 de abril de 2013 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

Eduardo Vinícius Fösch, um jovem negro de 17 anos, faleceu no dia 6 de maio de 2013, depois de agonizar nove dias no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) de Porto Alegre – onde deu entrada na manhã do dia 28 de abril, após ter sido encontrado em estado inconsciente no pátio de uma casa de um condomínio de luxo na Zona Sul da cidade. Na residência vizinha, havia ocorrido, na noite anterior, uma festa privada para mais de 150 adolescentes, organizada pelos jovens pelo Facebook e batizada de “A Zona Sul Chegou”.

Eduardo compareceu à festa no condomínio Jardim do Sol – onde havia bebida liberada – acompanhado de amigos. Único negro no ambiente, ele foi visto com vida pela última vez, de acordo com depoimentos dos jovens, em torno das 6h30 da madrugada do dia 28 de abril de 2013. Às 11h, seu corpo foi encontrado jogado no pátio da residência vizinha, envolto em sangue, pela dona da casa, que chegava de uma viagem.

Leia mais:
– Família e amigos buscam esclarecimento sobre morte de jovem negro após festa em condomínio de luxo em Porto Alegre

Até hoje, o caso nunca foi esclarecido. A investigação policial, fortemente questionada pela família de Eduardo, aponta que teria sido um acidente: conclui que o jovem teria simplesmente caído no pátio da vizinha e, em função da altura, sofrido contusões e vindo a óbito. Mas a família, amparada por um laudo pericial que contratou, acredita que Eduardo tenha sido assassinado, já que seu corpo apresenta sinais de que teria havido uma briga corporal e a conclusão técnica do perito, através da análise de fotografias, é a de que o jovem teria sido jogado no local onde foi encontrado já em estado inconsciente

Após muita pressão e intensa mobilização nas redes sociais, os advogados da família conseguiram fazer com que o caso passasse a ser investigado pelo Ministério Público (MP). O inquérito já passou pelas mãos de pelo menos dois promotores e encontra-se há cerca de um mês sob os cuidados da promotora Sônia Eleni Mensch.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Mãe e pai de Eduardo Fösch acompanham investigação do MP | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Ela afirma que nunca acreditou na tese de que a morte de Eduardo Fösch tenha sido um acidente e está convicta de que o jovem foi assassinado naquela noite. “Desde o primeiro momento em que vi os autos do inquérito, nunca acreditei nessa tese de morte acidental, é uma versão completamente inverossível. Foi uma queda provocada por uma pessoa”, comenta.

Sônia Mensch informa que já ouviu os seguranças do condomínio Jardim do Sol e avisa que, agora, irá tomar depoimentos de jovens que estavam na festa – muitos já foram ouvidos, mas, a partir do relato dos seguranças, a promotora entende ser necessário voltar a conversar com os adolescentes. Além disso, ela assegura que irá solicitar celeridade na perícia que já determinou nos computadores do condomínio, a fim de obter as imagens do circuito interno de câmeras de vigilância – a informação do condomínio é de que as imagens daquela noite teriam sido apagadas.

Outra prioridade para a promotora é obter as imagens dos exames e ressonâncias feitos pelo HPS no momento em que Eduardo deu entrada no hospital. “Estou aguardando os exames feitos no corpo dele. Um dos mais competentes médicos legistas do estado está me auxiliando. É de fundamental importância verificar os laudos, as lesões e fraturas que ele apresentava no crânio para esclarecermos suas origens”, explica. O pedido de acesso às imagens foi protocolado nesta segunda-feira (17) e deve ser respondido em até cinco dias a partir desta data.

Sônia Mensch diz não ter prazo para concluir a investigação, mas assegura que fará o possível para finalizar o inquérito o quanto antes, já que a família de Eduardo – cujos advogados acompanham o trabalho do MP – aguarda por uma resposta. “Tudo depende das perícias. Gostaria de concluir o mais rápido possível, pois sabemos que tem uma família que espera por uma resposta, que busca resultados no trabalho do Ministério Público”, afirma.


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