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24 de outubro de 2014
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17:47

Veja tem pressa contra Dilma. Sartori escorregou na palavra

Por
Sul 21
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<em>Veja</em> tem pressa contra Dilma. Sartori escorregou na palavra
Veja tem pressa contra Dilma. Sartori escorregou na palavra
Circulação da Veja foi antecipada em dois dias, com declarações que, atribuídas ao doleiro delator Alberto Youssef, envolvem o ex-presidente Lula e a candidata do PT no “suposto esquema de corrupção da Petrobras” | Foto: Reprodução
Circulação da Veja foi antecipada em dois dias, com declarações que, atribuídas ao doleiro delator Alberto Youssef, envolvem o ex-presidente Lula e a candidata do PT no “suposto esquema de corrupção da Petrobras” | Foto: Reprodução

Maria Wagner*

Não dá para negar: quem comanda a edição da revista Veja, engajada na campanha de Aécio Neves, está suando a camisa no combate à reeleição de Dilma Rousseff à presidência da República. Tanto que, nesta semana, a circulação do produto foi antecipada em dois dias, com declarações que, atribuídas ao doleiro delator Alberto Youssef, envolvem o ex-presidente Lula e a candidata do PT no “suposto esquema de corrupção da Petrobras” (página 10 de Zero Hora – 24 de outubro).

Segundo Veja, Youssef afirmou em Curitiba (21 de outubro) que Lula e Dilma sabiam do esquema. Será que a revista fala a verdade? Não, de acordo com Antonio Figueiredo, advogado do doleiro. Ainda no texto publicado pela Zero Hora, ele se disse surpreso. E fez um alerta: “Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado, porque está havendo muita especulação”. Obviamente, pelo que se vê nas redes sociais, essa especulação prospera quando vai ao encontro da expectativa do que o leitor deseja ler na revista que compra na banca ou assina. Mas Brasil afora também há um bocado de gente para quem, há muito tempo, Veja perdeu toda a credibilidade. É sinônimo de mau jornalismo.

Faço parte dessa turma. Não sinto raiva da revista. Meu sentimento é de desprezo. Isso poderia mudar se Veja declarasse sua parcialidade e desistisse de recorrer a suposições ou declarações sem apresentar provas. Até lá, para mim, como eleitora, ela é simplesmente carta fora do baralho quando se trata de influência. Além disso, vi coisas bem mais interessantes no decorrer da semana. Aqui mesmo, no Rio Grande do Sul. Por exemplo, o candidato José Ivo Sartori abandonou o estilo “Alô doçura”. O problema é que ele buscou refúgio no humor e acabou dando motivo para deboche e protestos de uma categoria que alguém preocupado com a educação – como ele se diz – deve respeitar: os professores.

Accidente, candidato!! Essa comparação do piso salarial do magistério com o piso que a Tumelero vende foi humor de quinta categoria, que, de quebra, deve ter causado inquietação na redação do Jornal do Comércio pela possibilidade de sugerir uma relação não desejada entre o conteúdo de suas páginas e a campanha política, o que certamente não agradaria a todos os assinantes. O barulho foi grande país afora, ganhando a capa de jornais e citação em comentários de Eliana Cantanhêde e de Christina Lobo, na GloboNews.

Sartori não gostou dessa notoriedade negativa, vendo maldade na exploração de seu mico pelo PT e pretendendo que fosse visto como brincadeira inocente. Caramba, candidato! Inocente? Até posso aceitar que acredite nisso, mas então preciso aceitar também que é muito simplório e nunca entendeu a verdadeira função de um humorista, que é usar a brincadeira para dizer verdades. Em outras palavras, segundo o que já li em livros escritos por especialistas no comportamento humano, a brincadeira é uma forma amena de revelar o que realmente pensamos. Portanto, seu inconsciente lhe pregou uma peça. Além disso, mostrou que até mesmo marqueteiros tão competentes quanto Marcos Martinelli caminham na corda bamba e podem ver seu milagre ameaçado quando o candidato se deixa trair pela palavra.

Em âmbito nacional, além da pressa da Veja em chegar a seus leitores nesta semana, A Folha de S. Paulo de quinta-feira (23 de outubro), circulou com o encarte Eleições 2014, com matéria de capa intitulada “Governo segura divulgação de dados que podem afetar campanha de Dilma”, porque são negativos, mostrando “piora” na área de desmatamento e número de pobres. O governo afirma que a divulgação foi adiada por “razões técnicas e legais”. Na página 3, o mesmo caderno evidencia no título a defesa de Aécio Neves, que se diz vítima de “atentados” à sua honra e, no texto, explica a estratégia do PT para desconstruir o candidato tucano. Mais adiante, na página 5, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elogia a “lealdade” e a “resiliência” de Aécio e bate forte em Dilma Rousseff, afirmando que ela é vítima de sua própria ambição, o que a leva a dizer “coisas em que não crê”. Em bom português, FHC diz que a candidata do PT mente.

É guerra. Ela termina no domingo? Acho que não. Vai continuar, na reacomodação de forças do vencedor para que seu governo não seja travado no Congresso.

*Jornalista


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