Últimas Notícias > Geral
|
10 de setembro de 2014
|
21:01

Para debater mídia e população LGBT, grupo Gemis é lançado em Porto Alegre

Por
Sul 21
[email protected]
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Gemis foi lançado no Museu de Direitos Humanos do Mercosul | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Mayara Bacelar,
da Assessoria do Gemis

Foi lançado nesta terça-feira (9), o grupo de ação e debate Gênero, Mídia e Sexualidade – Gemis. O evento, realizado no Museu de Direitos Humanos do Mercosul, em Porto Alegre, reuniu jornalistas, estudantes, professores universitários e militantes em uma discussão sobre o tratamento da mídia destinado à população LGBT, foco de atuação do grupo.

Durante a atividade, a jornalista e mestranda em Comunicação Social da PUCRS Fernanda Nascimento, uma das fundadoras da iniciativa, relatou a trajetória e os objetivos do Gemis, seguida por palestra do juiz federal e professor de Direito da Uniritter, Roger Raupp Rios, pesquisador em direitos humanos, direito da antidiscriminação, direitos sexuais, entre outros temas.

Criado em abril deste ano, o grupo se propõe a repensar as narrativas de veículos de comunicação, que muitas vezes reproduzem o preconceito em matérias e reportagens. Para Fernanda Nascimento, o Gemis deve atuar como um auxiliar no combate ao preconceito, caminho já trilhado com empenho por outras instituições reconhecidamente representativas da população LGBT. “Não pensamos que a mídia é a única esfera que reproduz preconceito, é só uma das esferas onde determinadas identidades de gênero e orientações sexuais são consideradas ‘melhores que outras'”, disse Fernanda.

A jornalista acrescenta que para além das pessoas já sensíveis ao tema, o propósito do Gemis é alcançar outros profissionais não envolvidos diretamente na questão. Esse trabalho deve ser feito por meio de visitas às redações jornalísticas, palestras e oficinas em universidades e ainda está em fase de planejamento.

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Evento contou com falas de Roger Raupp Rios e Fernanda Nascimento | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Em sua palestra, o juiz e professor Roger Raupp Rios falou sobre as relações entre democracia, mídia e diversidade sexual, contextualizando diferentes períodos e conceitos dos três temas. Mais recentemente, no que situa como democracia pós-II Guerra Mundial, ganha mais força a ideia de direitos, diversidade e mídia, com o surgimento de movimentos de resistência entre as minorias sociais e demanda destas por voz nos veículos de comunicação, escolas, saúde e outros segmentos da sociedade. “A partir disso (da II Guerra Mundial), a liberdade de imprensa não é mais sobre circulação de jornais no mercado, mas sobre igualdade de oportunidades no receber, buscar e divulgar informações”, destacou Raupp.

Exemplificando com o fato de que o volume de notícias sobre violência homofóbica ainda são escassas entre todas as produzidas sobre os LGBT, Raupp destaca que o tratamento da mídia dado a essa parcela da população é insuficiente, desigual e parcial, com silenciamento de vítimas, abordagens repetitivas e superficiais. Nesse contexto, o juiz celebrou a iniciativa do Gemis em tentar mudar esse panorama.

Sobre o Gemis

O grupo é formado por jornalistas, ativistas de movimentos sociais e docentes de universidades envolvidos na luta pelo respeito à população LGBTs. Seu surgimento está relacionado a uma preocupação crescente com os conteúdos que têm sido veiculados pela mídia gaúcha e nacional sobre esta parcela da população, que ao invés de refutar preconceitos e estigmas têm produzido novas formas de discriminação, gerando formas de violência através da linguagem.

Gemis propõe a realização de interlocução com jornalistas, com visitas nas redações dos jornais da Capital. Como proposta de ação está a realização de breves palestras e a disponibilização de conteúdo de referência para produção jornalística, com informações baseadas na construção coletiva com movimentos sociais e no Manual de Comunicação LGBT, produzido pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas Bissexuais, Travestis e Transexuais (Abgltt).

Em um segundo momento serão realizadas atividades nas faculdades de Comunicação Social da Capital e Região Metropolitana, em debate com jornalistas em formação. Como proposta a médio prazo, o grupo pretende se constituir como fórum permanente de discussão, onde profissionais da comunicação possam encontrar referências para solucionar dúvidas de forma ágil e precisa.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora