Raul Pont*
A ex-presidente do Cpers, Rejane Oliveira, em nome de um Movimento de Luta Socialista convoca os trabalhadores e sindicalistas a, “nesta hora, ser exigente” (em artigo publicado na Zero Hora de 12/9/2014).
Apesar de toda a clareza da conjuntura, em que as candidaturas do campo popular e socialista – Dilma, Tarso e Olívio – estão polarizando uma difícil disputa eleitoral com a direita e o neoliberalismo – Aécio/Marina, Ana Amélia e Lasier –, a ex-dirigente do Cpers conclui que os trabalhadores devem “ser exigentes”, pois não faz diferença quem vencer o pleito, afinal “governos de esquerda e direita, hoje, definitivamente, se assemelham pelo programa e prática”.
É lamentável onde o sectarismo pode chegar. A miopia política que não vê diferenças entre os governos tucanos e os governos da unidade popular para os trabalhadores da cidade e do campo, para a agricultura familiar, para os aposentados e não consegue posicionar-se numa conjuntura como a atual é responsável pelas piores derrotas do sindicalismo e dos trabalhadores.
Basta comparar a atual política no país e no Estado com o que nos promete a dupla Aécio/Marina e Ana Amélia:
• retorno do tripé neoliberal (taxa de inflação, superávit primário e câmbio flutuante),
• autonomia do Banco Central,
• fim da política de ganho real dos salários e garantia de emprego,
• diminuição dos gastos públicos na educação e na saúde para voltarmos ao déficit zero,
• abandono da política de soberania nacional e integração com a América Latina e o Caribe,
• fim das políticas sociais, como Mais Médicos, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida.
Com tudo que isso significa para os assalariados e aposentados, não podemos ter dúvida de que o momento exige lado, discernimento de classe, postura militante do que foi conquistado e necessita que continuemos avançando.
Felizmente, as centrais sindicais, os principais sindicatos, têm lucidez para não vacilar nesse momento e estão engajados na defesa de suas conquistas e na manutenção do projeto político.
Da mesma forma, os reitores e professores das universidades públicas manifestaram-se na defesa da escola pública e das políticas educacionais do atual governo através de manifestos de apoio com milhares de assinaturas.
A hora não é de semear confusão, nem ficar limitado ao corporativismo, a hora é de ter lado junto com os trabalhadores e a maioria do povo!
*Deputado estadual (PT)