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17 de setembro de 2014
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17:12

Airton Ortiz é eleito patrono da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre

Por
Sul 21
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Airton Ortiz é eleito patrono da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre
Airton Ortiz é eleito patrono da 60ª Feira do Livro de Porto Alegre
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Após ser patronável por nove vezes, Airton Ortiz foi eleito patrono da 60ª Feira do Livro l Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Caio Venâncio

Depois de ter sido patronável da Feira do Livro de Porto Alegre por nove vezes, chegou, enfim, o momento do jornalista, escritor, editor e fotógrafo Airton Ortiz se tornar patrono do evento. Na manhã desta quarta-feira (17), em cerimônia no Santander Cultural, o anúncio foi feito pela Câmara Rio-Grandense do Livro, com a presença dos demais candidatos à honraria e pessoas ligadas à cultura em Porto Alegre. Neste ano, a Feira do Livro acontece entre os dias 31 de outubro e 16 de novembro na Praça da Alfândega, no Centro de Porto Alegre.

No vídeo de apresentação dos patronáveis exibido no início do evento, Ortiz definiu a Feira como um “presente para a cidade”. Seu envolvimento com ela é antigo, vem desde 1975, quando chegou a Porto Alegre vindo do interior do estado. Bem-humorado ao se apresentar, o escritor de 16 livros, sendo dez de reportagem, três de crônicas e dois romances e um de fotografia, falou que aquela era uma premiação em que ninguém competia com ninguém, onde todos representavam todos. “Já pensou o Aécio dizendo que não precisa ganhar, porque a Dilma representa ele também? É estranho, mas aqui é mais ou menos assim”, divertiu-se.

“Para escritor gaúcho, é uma honraria maior que Premio Nobel de Literatura”, brincou Airton Ortiz 

Tendo sido patrono de algumas feiras pelo interior do estado, Airton lembra que a cada vez que não era eleito  era estimulado até mesmo pelo porteiro de seu prédio. “Ele falava como se fosse uma eleição para vereador: ‘Não desiste, seu Airton, se o senhor for novamente vai dar certo’. Isso é pra vocês verem que essa vida de patronável não é fácil”, lembrou, arrancando risos da plateia.

A honraria da maior feira do livro a céu aberto da América Latina também foi disputada por Aldyr Schlee, que não pôde comparecer à cerimônia por estar se recuperando de uma cirurgia, Cíntia Moscovich, Maria Carpi e Celso Gutfriend.

Marco Cena, da Câmara do Livro, ressaltou que escolha do patrono é o pontapé inicial da Feira l Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Marco Cena, da Câmara do Livro, ressaltou que escolha do patrono é o pontapé inicial da Feira l Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Antes de anunciar o patrono, o presidente da Câmara do Livro, Marco Cena, frisou a importância da escolha do patrono no cronograma de mais uma feira. “É o pontapé inicial, pra quem está na organização deste acontecimento tão querido pela nossa cidade”, afirmou. Depois, desfez o mistério: “E o patrono da Feira do Livro é… finalmente, Airton Ortiz”.

Ao ser nomeado, o escritor gaúcho de diferentes livros feitos a partir de relatos de viagens agradeceu mais uma vez. “As duas maiores honras para quem faz livros aqui no estado são, por ordem: ser patrono da Feira do Livro de Porto Alegre e, depois, receber o Prêmio Nobel de Literatura”, brincou, fazendo o público presente gargalhar novamente.

“Ler não é um dever, é um direito”, defende patrono

Repassando sua história pessoal, ele recordou dos tempos em que vendia livros de poesia pelos bares da cidade, ainda nos anos 1970. Naquela década, combateu a ditadura militar e, ao lado de outros, fundou a Cooescritor, cooperativa que reunia autores interessados em publicar suas obras.

Depois, criou a editora Tchê, que lançou escritores como Carlos Urbim e Celso Gutfriend. Além disso, ele enumerou outras realizações da empresa que chegou a ter 40 funcionários: pioneirismo no livro digital, com a publicação de “Um Guri Daltônico”, de Carlos Urbim; primeira editora a adotar o formato de livro de bolso, ainda nos anos 1980 e ineditismo também em criar selos editoriais, que hoje são práticas comuns. “Publicamos cerca de mil títulos e vendemos mais ou menos cinco milhões de livros. Mais do que isso, tornamos a literatura gaúcha algo pop. Infelizmente, vender o que vendíamos nos dias atuais é inimaginável, mas isso é algo que temos que repensar”, sustentou ele, que diz sempre ter optado por chegar ao leitor, fosse como editor ou autor.

Afora as questões relativas ao mercado editorial, o mais novo patrono da Feira defendeu o hábito da leitura como um ato transformador. Para Airton Ortiz, o livro é a maior arma na luta pela liberdade. “’Ler não é um dever, é um direito, talvez o maior de todos’, esse é meu lema”, sintetizou, no momento que, para ele, era o de maior emoção em sua carreira como escritor.


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