Ana Ávila
Na reta final da campanha para as eleições 2014, o cenário nas ruas de Porto Alegre é completamente diferente daquele registrado pela reportagem do Sul21 logo no início da propaganda eleitoral, há pouco mais de um mês. Além dos cavaletes e placas com foto, nome e número dos candidatos, um dos recursos mais vistos às vésperas do pleito são as faixas estendidas nos cruzamentos e semáforos da capital.
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Na Avenida Loureiro da Silva, próximo à Escola Técnica Parobé, dois jovens seguravam uma faixa na tarde de sexta-feira (26). Yuri da Costa e Gustavo Neves garantem que não recebem nada para estar ali, de segunda a sexta-feira, entre 15h30 e 18h30. “É no amor”, diz Yuri. Aos 19 anos, ele conta ter aceitado colaborar para agradar a namorada, ligada à campanha do candidato.
Em um semáforo próximo à Rótula das Cuias, um trio se dividia entre segurar uma faixa e distribuir santinhos de outro candidato. Assim como os primeiros, garantiram não embolsar nenhum tostão pelas tardes em campanha. O céu nublado e o vento forte próximo ao Guaíba pareciam pouco estimulantes, mas Kelvym Michael, 18 anos, e Gabriela Moura, 25 anos, não desanimavam: a cada sinal vermelho corriam para a frente dos carros enquanto uma colega distribuía santinhos ao maior número de motoristas possível.
O vento registrado na capital esta tarde tirou alguns “candidatos” de circulação mais cedo. Embora possam permanecer até as 22h nas ruas pela legislação, por volta das 17h Hélio Bastos já recolhia as placas de uma candidata à deputada estadual. Diariamente, a Justiça Eleitoral determina o recolhimento de cavaletes e placas que estejam fora dos padrões permitidos. Em dia de ventania, o trabalho é maior. Nas imediações do túnel da Conceição, um dos pontos preferidos pelos candidatos, parte do material precisou ser removida depois de ser lançada à via, atrapalhando o tráfego.
Próximo à Rótula do Papa, dezenas de bandeiras tremulavam empunhadas pela equipe de uma candidata, ao som de buzinaços de incentivo e xingamentos. Entre as trabalhadoras estava Simone Alves, que afirma receber semanalmente pela tarefa, mas não revela quanto. Sob o comando da militante Vera Oliveira, a equipe se distribuía, hora em um ponto, hora em outro, posava para fotos e se alinhava a modo de ser melhor vista pelos motoristas.
Dos trabalhadores que admitem estar sendo pagos pelo trabalho na campanha, alguns ainda temem não receber. “Vamos saber na semana que vem”, disse esperançosa uma jovem enquanto tratava de manter bem posicionada a faixa de seu contratante no canteiro às margens do túnel da Conceição, em pleno horário de pico.
