“Acho que faltou maior radicalidade”, diz Olívio Dutra, sobre intervenção no transporte coletivo de POA

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Candidato ao Senado, Olívio Dutra participou do programa Conexão RS, da Ulbra TV, nesta segunda-feira  | Foto: Luiz Munhoz/Ulbra

Samir Oliveira

Candidato ao Senado pelo PT, o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-prefeito de Porto Alegre Olívio Dutra entende que a intervenção promovida nas empresas de ônibus da Capital durante sua gestão deveria ter sido ainda mais profunda. Em entrevista ao programa Conexão RS, da Ulbra TV, nesta segunda-feira (30), o petista disse que se orgulha de ter tomado essa medida. A entrevista foi transmitida ao vivo pelos canais 21 da NET e 48 da antena UHF. A sabatina contou com a participação de jornalistas da emissora, do Sul21 e do Portal Terra.

“Eu não fui o primeiro. O Brizola e o Ildo Meneghetti também fizeram intervenções. Nossa intervenção quis pegar mais na raiz os problemas do transporte coletivo. Até acho que faltou maior radicalidade para aquela intervenção ter um desenvolvimento melhor”, pontuou.

Em 2013, a situação do transporte público foi o principal motor para os protestos de rua em Porto Alegre, que acabaram se massificando e se expandindo para o resto do país, sempre tendo como pauta inicial as tarifas de ônibus nas cidades. Para Olívio, os protestos foram positivos. “Acho importante que o povo tenha ido para as ruas. É importante que o povo se manifeste, não só para apoiar o governo”, considerou.

O ex-governador disse ser contra atos de depredação. “Sou contra qualquer tipo de depredação, de ataque à propriedade pública e privada. Parece uma rebeldia sem causa”, opinou. Contudo, disse ser contrário à aprovação de uma lei antiterrorismo para reprimir as manifestações no país. “Essa lei está equivocada, foi feita muito em cima de emoções e descamba para uma espécie de criminalização dos movimentos sociais. Devemos construir um Estado sob o controle público e não privado. Essas ideias mobilizam milhares de pessoas, especialmente a juventude”, resumiu.

Críticas de Lasier e o caso Ford

Primeiro entrevistado da série com os candidatos do programa Conexão RS, Lasier Martins (PDT), que disputa também uma vaga ao Senado, disse que Olívio Dutra cometeu “erros brutais” em seus governos e citou o caso da Ford como um deles. Quando estava à frente do Palácio Piratini, o ex-governador petista não aceitou assinar com a montadora norte-americana de automóveis um acordo que considerou lesivo aos cofres do estado.

Foto: Luiz Munhoz/Ulbra
“Sou pela desmilitarização das polícias” | Foto: Luiz Munhoz/Ulbra

Questionado sobre a crítica que recebeu de Lasier, Olívio disse que vê o tema da Ford como um bom debate a ser feito nesta campanha. “Eu acho que é um belo debate, necessário, que não se esgotou. Faço questão de entrar nesse debate, que é o destino do dinheiro público, que é escasso e não pode ir para grupos poderosos, nacionais ou internacionais. O dinheiro, sendo escasso, tem que ser direcionado para quem mais precisa, que são os pequenos, micro e médios empreendedores em todas as áreas”, defendeu.

Olívio lembrou que, na época, o PDT fazia parte do seu governo e ajudou a tomar a decisão a respeito da Ford. “Foi uma medida que eu me orgulho de ter tomado junto com os partidos que compunham o nosso governo. Inclusive, essa candidatura que tu te referes, o partido dele (Lasier) fez parte do nosso governo e ajudou a tomar essa decisão. Essa decisão foi tomada por um governo que tinha, inclusive, na sua composição, a nossa atual presidenta da República, num partido que o candidato parece que se esquece que foi o partido que compôs o campo de governo e não saiu do governo por conta dessa decisão”, alfinetou.

Reforma política e desmilitarização das polícias

Durante a entrevista, Olívio Dutra definiu como um dos eixos centrais de sua campanha a defesa de uma ampla reforma política. O ex-governador entende que é preciso dar contornos ideológicos mais claros aos partidos e, por isso, defende voto em lista fechada e financiamento público de campanha.

“Existe necessidade de uma reforma política para que os partidos tenham contornos ideológicos claros, não essa cesta de siglas em que tem negociatas sendo feitas a qualquer hora, para dividir dinheiro público, vender espaço em televisão, trocar cargo”, criticou. Para ele, é preciso “fazer desaparecer essa influência enorme do poder econômico sobre a eleição”.

Olívio também defendeu a desmilitarização das polícias em todo o país. “Sou pela desmilitarização das polícias. É uma discussão importante que a gente quer levantar numa eleição ao Senado”, ponderou, acrescentando que é preciso ter “uma polícia agindo não com base na repressão, na violência, na ignorância”.

Veja abaixo a íntegra da entrevista


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