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12 de fevereiro de 2014
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18:03

Festival de Berlim: Lars von Trier provoca Cannes

Por
Sul 21
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Festival de Berlim: Lars von Trier provoca Cannes
Festival de Berlim: Lars von Trier provoca Cannes

Rui Martins
Brasil de Fato

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O cineasta Lars von Trier se negou a participar da conferência de imprensa com a crítica cinematográfica e, na sessão de fotos com a equipe do filme Ninfomaníaca, mostrou uma camiseta com a inscrição Persona non grata, sob a Palma de Cannes, provando não ter feito as pazes com os franceses.

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A ausência na conferência de Charlotte Gainsbourg (foto) foi a grande chance para Stacy Martin, que desponta e brilha como atriz, / Foto; divulgação

O ator Shia LaBeouf (Jerome no filme) não esquentou a cadeira porque se sentiu ofendido com uma pergunta sobre sua participação sexual com Stacy Martin e soltou, ao se levantar, uma frase do ex-futebolista Eric Cantona: “quando as gaivotas seguem o barco é porque pensam que vão lhes jogar sardinhas”.

Existe uma genialidade em Lars von Trier. A versão longa de Ninfomaníaca, com o “O” do título em forma de vagina começa como um filme de Bela Tarr, mas depois de Seligman recolher Joe, ferida, do pátio do prédio, é von Trier quem imprime sua marca.

Tentando explicar o filme Stellan Skarsgard sintetiza nas personagens de Seligman e Joe a personalidade difícil de Lars von Trier “um assexuado e a outra fortemente sexual”. Mas é fora de dúvida ser alguém torturado por angústias e conflitos íntimos, visíveis nos seus personagens, em luta com eles próprios. Fator não negativo, mas demonstrativo de sua inteligência, anticonformismo e rebeldia.

Seria exagero se qualificar Ninfomaníaca de filme pornográfico: as cenas de sexo não excitam ao orgasmo e a coleção de pênis exibidos não é erótica mas cômica. Numa provável referência ao escândalo em Cannes, onde brincou e se queimou com referências ao nazismo, há um diálogo revelador: “Como você se chama?, pergunta Joe, ao senhor idoso que a salvara e se dispunha a ouvir sua narrativa, que ele prometia ser longa. E ele responde e interpreta: “Me chamo Seligman (Joe ri porque Seligman quer dizer “homem feliz”), é um nome judeu. Mas não sou religioso. Pode-se ser antisionista sem ser antisemita”.

A ausência na conferência de Charlotte Gainsbourg foi a grande chance para Stacy Martin, que desponta e brilha como atriz, no papel de Joe jovem ninfomana, falar com os jornalistas e reforçar sua imagem nascente. Ela contou como se deixou guiar nas filmagens por von Trier. Uma Thurman contou como adorou fazer aquela explosão de mulher traída e revoltada, que traz seus três filhos na casa de Joe e passa um sabão nela e no marido.


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