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16 de março de 2012
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21:33

Xangô, o grande fodão, de Manuel Zapata Olivella

Por
Sul 21
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Como sabe quem tem acompanhado este blogue, a tag Biblioteca Latino-Americana é um cantinho reservado aqui na Fórum para uma coleção de notas introdutórias, breves resenhas que apresentam o leitor brasileiro a obras canônicas do pensamento hispano-americano. Minha ideia até agora era ater-me à tradição ensaística do continente, mas meu contato, nas últimas semanas, com um romance genial e desconhecido no Brasil me fez mudar de ideia, inclusive porque se trata aqui de uma ficção na qual há tanto pensamento como nos ensaios mais ricos. Falo de Xangô, o grande fodão, livre tradução minha para Changó, el gran putas (1983), monumental obra do escritor e antropólogo afro-colombiano Manuel Zapata Olivella, já traduzida ao inglês mas da qual não há sequer notícia em português.

Manuel Zapata Olivella nasceu em 1920 em Santa Cruz de Lorica, na província de Córdoba, a pouco mais de 20 km da Costa Caribe colombiana. Morreu em Bogotá em 2004. Não seria exagero propor que se trata do escritor e intelectual afrocolombiano mais destacado de todos os tempos. Respeitado e venerado na melhor tradição do preto véio, Zapata Olivella fez, cedo, sua morada em Cartagena de Índias, junto com Barranquilla um dos dois grandes polos urbanos da Colômbia Atlântica. Mas também viajou como poucos. No belíssimo documentário de Maria Adelaida López sobre sua vida e obra, aprendemos que ele queria ser veterinário, mas o pai o enviou à Universidade Nacional, em Bogotá, para estudar “o maior animal de todos” (seu pai, Antonio María Zapata, havia sido o primeiro negro graduado da Universidade de Cartagena). Curiosamente, depois de cursar Medicina, Zapata Olivella comporia uma obra literária em que não resta pedra sobre pedra do antropocentrismo.

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