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4 de setembro de 2011
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15:43

Em frente ao Piratini, musical relembra os dias de resistência

Por
Sul 21
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O povo, quje ouvia os discursos de Brizola em seus radinhos de pilha, aderiu à resistência l Foto: Foto: Cíntia Barenho/Especial Sul21

Lorena Paim

Temperatura amena, lua crescente e tempo firme ajudaram a compor o cenário de Legalidade, o Musical, encenado neste sábado (3) à noite ao ar livre, em frente ao Palácio Piratini, o mesmo local onde há 50 anos se escreveu uma página marcante da História rio-grandense e brasileira. Um bom público ocupou as cadeiras e a arquibancada colocadas de frente para as duas passarelas que servem como palco. Teatro e história misturam-se harmoniosamente ao longo dos 60 minutos do espetáculo.

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– Veja fotos do musical da Legalidade

O videocenário – composto por quatro telões de Led – dá o reforço indispensável para se compreender a situação brasileira em 1961. Através de projeções de capas de jornais, vídeos e filmes, aparecem desde a figura de Getúlio Vargas, em 1930, passando por seu suicídio, em 1954, até chegar ao ponto em que foi deflagrada a Legalidade. Num dos vídeos, o personagem Leonel Brizola (Evandro Soldatelli) contracena com jornalistas que fizeram aquela cobertura no “porão” da Legalidade, como Carlos Bastos, Índio Vargas, Lauro Hagemann, entre outros.

A direção artística de Luciano Alabarse leva o coro, masculino e feminino, a oferecer o contraponto aos fatos que se sucedem em alta velocidade no episódio da Legalidade. Jovens atores e atrizes gritam palavras de ordem, conclamam a população a aderir ao movimento, em alguns momentos surpreendem-se, em outros celebram.

As sacadas do Palácio Piratini, de onde houve tantos discursos emocionantes naquela época, servem de cenário para os personagens Brizola e general Machado Lopes (Cassiano Ranzolin) selarem o apoio do III Exército ao movimento, o que foi essencial para o seu sucesso. João Goulart (Mauro Soares), também fala da sacada, em outro momento, proferindo a frase famosa — “que as armas não falem” – dita quando decidiu aceitar o parlamentarismo, a fim de evitar derramamento de sangue.

Peréio, autor do Hino da Legalidade com Lara de Lemos, representou a ele mesmo l Foto: Foto: Cíntia Barenho/Especial Sul21

Desfilam ainda pelo palco os personagens Jânio Quadros, Che Guevara, Carlos Lacerda e Lara de Lemos. Esta poeta (falecida), interpretada por Vika Schabacch, é autora da letra do Hino da Legalidade. Uma solução curiosa e interessante é o fato de o autor da música do Hino, Paulo César Peréio, fazer uma participação especial no espetáculo, ao lado de “Lara”. O ator foi ao microfone para contar como funcionava o Comitê de Resistência dos Artistas, no Teatro de Equipe, do qual ele fez parte, quando jovem. Ao compor o Hino, disse ele, “entramos para a História”.

O espetáculo poderá ser visto novamente na noite deste domingo l Foto: Cíntia Barenho/Especial Sul21

A trilha inédita composta por Hique Gomez, gravada pela Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, se adequa aos diferentes passos da trama. Depois de passar pela Legalidade, o texto de Rafael Guimaraens toca em outros episódios da vida nacional recente, como a ditadura, a campanha pelas diretas, a anistia e o destino dos personagens principais que fizeram 1961. A alegria da música de Nelson Coelho de Castro (Briza do Mar), que ele interpreta com Adriana Deffenti, dá o tom final, com louvação a Brizola, à luta e à liberdade.

Nova apresentação neste domingo

Legalidade, o Musical faz parte das comemorações do cinquentenário do movimento e é uma promoção do Governo do Estado. Neste domingo, também às 20h, está prevista nova apresentação.

Musical relembra a condecoração de Che Guevara por Jânio Quadros l Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini
As armas foram empunhadas contra a tentativa de golpe l Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini
Os gaúchos foram para frente do Piratini apoiar a resistência liderada por Brizola l Foto: Eduardo Seidl/Paláciio Piratini
Discursos eram feitos da sacada do Palácio Piratini l Foto: Eduardo Seidl/ Palácio Piratini
O Rio Grande do Sul evitou o golpe, que virou em 1964 l Foto: Eduardo Seidl/ Palácio Piratini

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