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26 de agosto de 2011
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19:25

Brasileiros relatam crescimento de protestos e repressão no Chile

Por
Sul 21
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Brasileiros relatam crescimento de protestos e repressão no Chile
Brasileiros relatam crescimento de protestos e repressão no Chile
Foto: Cláudio Cáceres/Flickr
Greve geral de dois dias no Chile terminou com um adolescente morto | Foto: Cláudio Cáceres/Flickr

André Carvalho

A revolta de estudantes chilenos contra o governo de Sebastián Piñera, em torno do tema da educação pública, foi acompanhada de perto por brasileiros nos últimos dias. A vereadora de Porto Alegre Fernanda Melchionna (PSOL) e o presidente da União Nacional Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, estiveram recentemente no Chile, onde viram a ampliação das mobilizações populares e a igualmente crescente repressão da polícia chilena.

Leia mais:
– Adolescente é morto no Chile durante protesto contra Sebastián Piñera

O Chile vem vivendo, há mais de três meses, uma onda de protestos por parte de estudantes secundaristas e universitários, que exigem ensino público gratuito e de qualidade, em contraponto às políticas de privatização de Piñera. Na última quarta-feira (24), a situação tomou proporções ainda maiores: uma greve geral de 48h foi encabeçada pela Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e pela Confederação de Estudantes do Chile (CONFECH). Mais de 600 mil chilenos, representados por dezenas de organizações sociais, partidos de esquerda e até empresas privadas, foram às ruas ampliando as reivindicações, saindo das esferas estudantis e passando a contemplar também as questões da saúde e dos fundos sociais. Além disso, os trabalhadores defendiam mudanças nos direitos trabalhistas.

A vereadora Fernanda Melchionna esteve oito dias em Santiago do Chile, de onde voltou no último dia 7. Para a vereadora, apesar do alto nível de repressão por parte da polícia, a sociedade chilena está integrada em torno das causas estudantis e trabalhistas. “Ao longo de todos os dias em que estive lá, havia muitos policiais por todas as partes, utilizando gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Por outro lado, a união da população chilena em solidariedade às reivindicações era algo incrível”, conta Fernanda, em entrevista ao Sul21.

Para a vereadora do PSOL, apesar da repressão, a sociedade chilena está integrada em torno das causas estudantis e trabalhistas | Foto: Fernanda Melchionna/Arquivo pessoal

A vereadora particpou, no dia 4, de uma mobilização organizada por estudantes. “Foi a maior manifestação que participei desde que cheguei lá. Consequentemente, a barbárie praticada por parte da polícia foi algo imensurável. Eles revistavam os jovens e bloqueavam ruas, não permitindo o trânsito livre. Proibiam, inclusive, os estudantes de ingressarem nos metrôs. Pude sentir na pele um verdadeiro Estado de sítio. Infelizmente, são resquícios da ditadura militar”, aponta.

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, passou 24 horas em Santiago e voltou ao Brasil nesta sexta. Segundo o estudante, a situação no Chile é alarmante. “O país vive um momento muito particular. A sociedade, através da CONFECH e da CUT, está mobilizada contra o governo neoliberal do Sebastian Piñera. Na quinta, mais de 300 mil pessoas estiveram nas ruas de Santiago, e 600 mil em todo o país, com faixas e bandeiras pedindo mudanças no ensino público, reformas na Constituição, alterações no Código de Trabalho, dentre outras reivindicações”, conta Iliescu.

Na madrugada desta sexta, no último dia da greve, enquanto ocorria o ‘panelaço’ contra o governo, o adolescente Manuel Gutiérrez, 16 anos, foi assassinado com um tiro durante o confronto entre os manifestantes e a polícia. Dados oficiais indicam que 1.394 pessoas foram detidas durante a greve geral. Segundo a família de Gutiérrez, o jovem não estava participando das manifestações quando foi baleado. O irmão de Manuel, Gérson Gutiérrez, afirma que eles estavam caminhando, quando se depararam com um rádio-patrulha dos Carabineros e eles começaram a disparar.


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