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21 de julho de 2011
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20:41

Racismo sem racistas, por Ana Maria Gonçalves

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Sul 21
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Racismo sem racistas, por Ana Maria Gonçalves
Racismo sem racistas, por Ana Maria Gonçalves

“Hoje em dia, com exceção de membros de organizações brancas supremacistas, poucos brancos nos Estados Unidos se proclamam “racistas”. A maioria dos brancos afirma que “não vê cor alguma, apenas pessoas”; que embora a face feia do racismo ainda esteja entre nós, não é mais fator central determinando as oportunidades de vida das minorias; e, finalmente, que, como Dr. Martin Luther King Jr, eles sonham em viver em uma sociedade na qual as pessoas sejam julgadas pelo caráter, não pela cor da pele. Mais incisivamente, a maioria dos brancos insiste que as minorias (especialmente os negros) são os responsáveis por “playing the race card” (expressão usada para apontar uso vitimizador e mal intencionado da diferença racial), por exigirem a manutenção de programas desnecessários e divisivos baseados em raças, como ações afirmativas, e por bradar “racismo” sempre que são criticados por brancos. A maioria dos brancos acredita que se os negros e outras minorias simplesmente parassem de pensar no passado, trabalhassem duro e reclamassem menos (particularmente de discriminação racial), então americanos de todas as cores poderiam viver em paz.”

O texto acima é o parágrafo inicial do livro Racism without racists, de Eduardo Bonilla-Silva, sobre o que nos EUA está sendo chamado de “color-blind racism”, ou apenas “color blindness” (algo como o racismo que não leva em conta a cor/raça). Este é apenas um dos muitos estudos publicados sobre esse novo tipo de racismo (para os norte-americanos) que, segundo Bonilla-Silva, é muito parecido com o racismo existente nos países caribenhos e latino-americanos, Brasil incluido. Esse tipo de racismo permite manter os privilégios dos brancos sem alarde, sem nomear aqueles a quem ele submete e aqueles a quem beneficia. Ele deu cobertura para que o ex-presidente Bush (filho), por exemplo, expressando a opinião de muitos norte-americanos, dissesse “Eu apoio enfaticamente todo tipo de diversidade, inclusive a diversidade racial no ensino superior”, ao mesmo tempo em que chamava o programa de ação afirmativa da Universidade de Michingan de “falho”, “inconstitucional” e “discriminatório” contra os brancos.

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