Nubia Silveira
O catarinense Adeli Sell tinha apenas sete anos, quando ocorreu a Campanha da Legalidade. Sua imaginação infantil jamais o trouxe a Porto Alegre, onde, hoje, é vereador e presidente do PT local. Passados, 50 anos, Adeli afirma que nunca pensou que um dia moraria “atrás do Theatro São Pedro, vendo da janela de minha sala o local onde se deram estes eventos: o Palácio Piratini”. Para ele, a grande força do movimento foi a “defesa do Estado democrático de direito”.
Sul21 — Onde o senhor estava quando soube que o governador Leonel Brizola dera início à Campanha da Legalidade?
Adeli Sell — Eu morava em Cunha Porã, no Extremo Oeste de Santa Catarina, a 500 quilômetros de Porto Alegre. Mas lá sempre foi possível ouvir rádios de Porto Alegre. Lembro que a caminho da escola ouvi uma entrevista do Brizola num rádio de um colega, enquanto a gente esperava para ir à escola. Creio que eu estava no primeiro ano do Ensino Fundamental.
Não tinha qualquer noção maior sobre a conjuntura política.
Sul21 — Ao ouvir a notícia, o que o senhor sentiu?
A.S. — Pelo que ouvia falar, sabia que a situação era grave. Creio que até senti um certo medo. Pois tudo que é estranho para a gente dá um certo temor.
Sul21 — Quais os fatos da Legalidade mais marcantes para o senhor?
A.S. –- A resistência do Brizola, as pessoas com armas, a existência de barricadas.
Sul21 — Dos princípios que nortearam a Legalidade, quais os que ainda permanecem na política brasileira?
A.S. — Sempre e sempre será a defesa do Estado democrático de direito, a liberdade e a democracia, sem dúvida. Esta me parece, ainda, ser a força daquele movimento.