A questão atual no Egito é saber se as Forças Armadas aceitarão implementar as reformas democráticas ou se usarão seu controle sobre o processo de transição para criar obstáculos às demandas dos manifestantes que derrubaram Mubarak. As medidas iniciais da junta militar que assumiu o controle do país mostram o desejo do Exército em frear o ritmo da participação popular e os especialistas têm se mostrados céticos com o compromisso democrático dos militares em, por exemplo, investigar violações de direitos humanos e combater a corrupção dos aliados de Mubarak. Na Tunísia, a transição tem se mostrado difícil, pela permanência em posições de poder de muitos quadros do regime autoritário.
A junta é presidida pelo marechal Mohammed Tantawi, o ministro da Defesa de Mubarak, e considerado ainda mais conservador do que o ditador deposto. Ele se opôs inclusive à abertura econômica que o regime promoveu na última década. Os primeiros atos da junta foram ordenar aos manifestantes que deixem a Praça Tahrir, fechar o Parlamento e abolir a Constituição. Embora fossem instituições do antigo regime, sua exclusão elimina os freios formais à ação das Forças Armadas, o que é preocupante.