Opinião
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2 de março de 2021
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17:06

Gestão da CEEE ataca direitos dos eletricitários em plena pandemia (por Ana Maria Spadari)

Por
Sul 21
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Gestão da CEEE ataca direitos dos eletricitários em plena pandemia (por Ana Maria Spadari)
Gestão da CEEE ataca direitos dos eletricitários em plena pandemia (por Ana Maria Spadari)
Ana Maria Spadari (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Ana Maria Spadari (*)

É inacreditável o que está acontecendo. A menos de 30 dias da realização do leilão para a venda da empresa, os diretores da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) querem rasgar o Acordo Coletivo dos trabalhadores. Cortaram o bônus alimentação, conquista de décadas da categoria, obtido quando foi trocado por um percentual do INPC, homologado em negociação e beneficiando a CEEE, já que não existe tributação nenhuma e também não entra no cálculo de aposentadoria.

Desde o governo Sartori, os eletricitários estão sem reajuste nos salários e em nenhuma das cláusulas econômicas. Ao contrário, viemos amargando retiradas de conquistas. E o discurso da empresa continua o mesmo: a CEEE está quebrada, com prejuízos….

Mesmo com cortes e sem avanços, a situação só piora. Interessante é que todos os argumentos depõem contra a atual gestão, que se mostra incompetente para gerir a empresa. Mais grave ainda é que distribuiu R$ 104,3 milhões para os acionistas, fato amplamente divulgado na imprensa.

Outro fato grave é que, se essa gestão mantiver a posição de cortar algumas cláusulas do acordo, contribuirá mais uma vez para grandes passivos trabalhistas, tendo em vista que contraria a lei vigente. Assim, deixará para o grupo econômico que vier a comprar a empresa, caso se concretize a venda, uma dívida fabulosa. Desta forma, com esse método de gestão, sem compromisso com o futuro, foram ao longo dos anos deteriorando a CEEE e outras empresas públicas.

Outro absurdo inacreditável é a retirada do Plano de Saúde, num momento dramático de pandemia, quando o RS está sob a bandeira preta do distanciamento controlado. Temos colegas que estão na linha frente, colocando a sua vida e a de seus familiares em risco dobrado pela sua atividade, e mais o perigo da contaminação. Situação gravíssima, desumana, sem o mínimo de sensibilidade, chegando à crueldade.

O pedido do Senergisul foi a prorrogação do acordo, possibilitando aos novos acionistas sentarem na mesa de negociação para conversar sobre o futuro. Na reunião de mediação, o vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), desembargador Francisco Rossal de Araújo, sugeriu uma prorrogação da vigência até o dia do leilão. Infelizmente, os representantes do governo do Estado, por meio da PGE, GAE e do diretor da CEEE Gustavo Balbino Dias da Costa, negaram essa possibilidade.

Questionamos se o governador Eduardo Leite tem conhecimento disso, levando-se em conta que não é interessante para ninguém o enfrentamento com uma greve dos eletricitários às vésperas de um leilão.

A sociedade gaúcha precisa saber do que está acontecendo e se apropriar da verdade dos fatos. Você sabia, por exemplo, que a Prefeitura de Pelotas é a maior devedora da CEEE? E que o valor já passa de R$ 195 milhões? É muito fácil falar na mídia em endividamento da CEEE, sem procurar os verdadeiros responsáveis e os seus motivos, para tentar justificar a privatização da empresa e enganar a população, que acabará pagando conta de luz mais cara para aumentar os lucros dos insaciáveis acionistas privados.

(*) Presidente do Sindicato dos Eletricitários do RS (Senergisul)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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