Opinião
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5 de julho de 2020
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12:08

França escolhe construir cidades mais humanas (por Marcelo Sgarbossa)

Por
Sul 21
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França escolhe construir cidades mais humanas (por Marcelo Sgarbossa)
França escolhe construir cidades mais humanas (por Marcelo Sgarbossa)
Com o plano a Cidade de 15 minutos, prefeita quer transformar Paris numa cidade amigável às pessoas, Facebook/Anne Hidalgo

Marcelo Sgarbossa (*)

 Anne Hidalgo foi reeleita prefeita de Paris reafirmando o projeto de reduzir a quantidade de carros circulando e promover o uso da bicicleta e as caminhadas. A capital da França confirma a escolha por um novo modelo de cidade mais humana, com mudanças urbanísticas que deixam o ambiente mais agradável para as pessoas e promovem a sustentabilidade.

Ambientalistas crescem como força política na chamada de “onda verde”.  As eleições municipais francesas evidenciaram o avanço dos Verdes conquistando importantes prefeituras como Lyon, Bordeaux, Marselha, Besançon, Poitiers e Annecy. Uma reação cidadã para conter a destruição ambiental.

Eleita em 2014, a primeira mulher a conduzir uma das capitais mais cortejadas e visitadas do mundo vai a atividades de governo pedalando, como fez no Dia Mundial Sem Carro, em 22 setembro. Anne terá mais seis anos para materializar o manifesto que a reelegeu.

Com o plano a Cidade de 15 minutos, a prefeita quer transformar Paris numa cidade amigável às pessoas, com uma infinidade de bairros onde se possa encontrar tudo o que precisa perto de casa, chamados de Ville Du Quart D’Heure. E sem carro, com incentivo ao uso da bicicleta, com o Plan Vélo, que inclui a redução de espaços dos automóveis, que serão voltados a ciclistas e pedestres.

Remover 60 mil das 83 mil vagas de estacionamento na rua (mais de 70%) é uma das metas anunciadas em janeiro pela prefeita, numa loja de bicicletas. Fazer com que todas as ruas e pontes tenham ciclovias também.

Comprar no bairro sem a necessidade de deslocamentos longos, demorados e poluentes; acesso a bens e serviços públicos suficientes para as necessidades essenciais e o bem-estar; o encurtamento da cadeia de produtores a consumidores com produtos saudáveis, valorizando a produção local; e a construção da cidade no sentido do pertencimento são outros objetivos do programa de governo de Anne Hidalgo. O que a população de Paris e de outras cidades francesas elegeu é uma perspectiva urbanística que prioriza as pessoas em harmonia com o ambiente. Não mais o carro, a máquina e sua espaçosa e impessoal ocupação espacial e o que isso simboliza.

A bicicleta não salva o planeta, mas é um símbolo de proteção ambiental. Não é espaçosa e opressora, não polui, promove a saúde de quem usa e aproxima as pessoas do espaço público e do convívio social humanizado. É um ícone, um radar, um vetor.

Esse conceito de cidades mais humanas e sustentáveis começa a ser melhor entendido e implantado mundo afora. São escolhas. Pessoais, coletivas e políticas. Paris e várias partes da França escolheram seguir um novo modelo para viver e partilhar, escolheram ser mais sustentáveis!

A vitória das causas ecológicas remete a uma força remanescente em direção à causa da vida, à sustentabilidade, para muito além de qualquer partido, crença, filosofia ou religião. A prefeita Anne Hidalgo é uma representação da busca do paraíso perdido. Esse mesmo que pode estar em nossas mãos, nos nossos dedos quando votamos na eleição municipal. Por ora, devemos seguir nos protegendo na pandemia, cumprindo as orientações de distanciamento social e o uso de máscara. Quem puder, fique em casa. Mas se tiver que sair, vá de bike.

(*) Vereador de Porto Alegre (PT)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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