Marcelo Sgarbossa (*)
Decidi assinar o documento em que, entre outros, Fernando Haddad, Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Tarso Genro e Manoela D’Ávila pedem a renúncia de Jair Bolsonaro.
Assino, em primeiro lugar, por convicções humanistas e por um sentido comunitário fraterno, por amor aos meus concidadãos, pelas vidas que poderão ser salvas. Em plena pandemia, o Governo Bolsonaro transformou-se na expressão mais cruenta do individualismo, do desrespeito à vida, do obscurantismo, das trevas e da ignorância. Não me surpreendo com estes aspectos individuais de sua personalidade, pois trata-se de um deputado federal que já havia feito apologia à tortura e aos torturadores, à violência e às milícias, forma mais poderosa de crime organizado que infecta as grandes cidades brasileiras e ameaça a sociedade, em especial, aos pobres e negros.
Em segundo lugar, subscrevo porque a postura e comportamento de Bolsonaro, levados à Presidência da República, transformados em governo portanto, geram o efeito ‘apocalíptico” de uma tempestade perfeita. Sua visão de mundo representa um retrocesso civilizatório e, no comando do governo federal, estão levando o Brasil a um imobilismo exasperante, somente rompido por iniciativas da própria sociedade. Faltou previdência quanto à uma pandemia que, todos sabiam, chegaria ao Brasil. Sabe-se hoje que o primeiro registro de contaminação por Coronavírus no país é de 21 de janeiro.
Vale lembrar que, durante todo ano de 2019 a dupla Bolsonaro/Guedes, com suas políticas, retiraram dinheiro do Sistema Único de Saúde, do bolsa-família. Retiraram direitos protetivos da legislação trabalhista e produziram milhões de desempregados e subempregados. O resultado está à porta.
Em terceiro lugar, subscrevo o Manifesto por que Bolsonaro se mostrou, no governo, indisposto a ser um presidente de todos os brasileiros e brasileiras. Seu governo é apenas dos muito ricos, dos que acham que a pandemia do Coronavírus é uma oportunidade e não uma crise humanitária. Enquanto seu governo impõe toda a sorte de (ou falta de) dificuldades em capacitar o SUS, apoiar e preparar os trabalhadores da saúde da linha de frente, de proteger os empregos e o trabalho, de assistir os desempregados e que passam fome e miséria, seu governo continua manobrando para que os muito ricos, os bancos e os sonegadores, continuem empilhando dinheiro. Nada foi feito para que estes setores arquem com parte da conta da defesa dos brasileiros e seus lucros e dividendos continuam subtaxados enquanto os trabalhadores, empregados ou não, continuam pagando sozinhos toda a conta.
Bolsonaro já mostrou ao mundo todo que é inepto para conduzir o Brasil a sair que já estávamos, da crise agora, e da crise que se produzirá a partir dela. Deve ser afastado do governo antes que o Brasil entre em colapso.
Por fim, quero lembrar que não se trata de divergência de opinião política, o que é perfeitamente aceitável numa democracia. Ocorre que Bolsonaro contraria e incentiva a contrariar as mais claras evidências e recomendações científicas. Mesmo tendo sido ele um dos principais golpeadores do mandato da presidenta Dilma Roussef, não se trata de nenhuma espécie de vingança, o que seria igualmente golpista. O que me motiva a somar com aqueles que pedem sua renúncia é o fato de vidas poderão, literalmente, ser salvas com sua saída.
Por isto eu apoio o documento que pede sua renúncia.
(*) Vereador do PT em Porto Alegre.
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