Everton Gimenis (*)
O Carnaval é a maior festa popular do país e o evento mais famoso do mundo. Arraigado à cultura brasileira, a folia momesca mexe com as pessoas, que se preparam fisicamente para aguentar a maratona do samba nas ruas e avenidas.
Blocos e bandas, desfile de escolas de samba, bailes, concursos e batucadas por todo lado. Nesta batida, boa parte da população investe em roupas, acessórios, fantasias, turbinando negócios, principalmente na área de turismo e hotelaria.
Nós, bancários, temos tradição de participar de blocos de carnaval como o Areal da Baronesa que já nos prestou homenagem, e de muitas escolas de samba. O SindBancários sempre valorizou toda a forma de manifestação cultural, especialmente esta grande festa popular. Neste ano, inclusive, teremos um bancário, ex-presidente do Sindicato, Olívio Dutra, sendo homenageado pela Império da Zona Norte com o enredo “O Galo Missioneiro”.
Apesar do período ser festivo, não podemos esquecer que o Brasil vive um momento dramático. Enfrenta governos que atacam a cultura de modo geral e, em especial, a chamada cultura popular. Tentam sufocar financiamentos e acabar com as políticas de incentivo à produção cultural. Querem calar o povo. Caçar a liberdade de expressão. Até o Ministério da Cultura foi extinto pelo governo Bolsonaro.
Isso, além dele ter empossado um secretário claramente influenciado pelo nazismo, que boicotava, censurava os projetos culturais como o filme Marighella, por exemplo.
Em Porto Alegre, não é muito diferente. Temos um prefeito que acabou com todo o incentivo ao carnaval, que já era insuficiente. Fez esses cortes apesar de ter recebido, durante as eleições, apoio de algumas lideranças do mundo carnavalesco.
Como resultado, a Capital gaúcha teve um ano no qual o Carnaval não existiu. Agora, a folia está acontecendo na base da resistência e com as escolas de samba correndo atrás de patrocínios e sem nenhuma ajuda da prefeitura.
E a festa mais democrática e espontânea de todas, uma das que mais movimentam a economia, a folia carnavalesca nas ruas, foi proibida de ser realizada nas vias da Cidade Baixa. Justo lá, onde a presença dos blocos se consolidou com a participação de um grande público nos últimos anos. É preciso ressaltar que no ronco da cuíca e com samba no pé, está o SindBancários a participar da resistência, lado a lado com o povo brasileiro. E, sempre estaremos de mãos dadas, como diria o Chico, “nesta ofegante epidemia que se chamava o Carnaval.”
(*) Presidente do SindBancários POA e vice-presidente da CUT/RS.
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