Opinião
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22 de janeiro de 2020
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17:22

Há esperança, Porto Alegre grita por unidade para resgatar a dignidade de seu povo (por Laura Sito)

Por
Sul 21
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Há esperança, Porto Alegre grita por unidade para resgatar a dignidade de seu povo (por Laura Sito)
Há esperança, Porto Alegre grita por unidade para resgatar a dignidade de seu povo (por Laura Sito)
Prefeitura de Porto Alegre.  Foto: Luiza Castro/Sul21

Laura Sito (*)

Ouço emanar por todos os setores e territórios de Porto Alegre o sentimento do quanto é fundamental a construção da unidade da esquerda na disputa eleitoral de 2020.  Por isso tenho observado com atenção todas as opiniões expressas pela esquerda porto-alegrense sobre o tema, ainda que muitas vezes haja sentimento de desencontro entre as variadas essências que trazem a unidade para a pauta do debate público.

Enquanto para alguns a unidade é a contração de letrinhas mais ou menos à esquerda, que já governaram ou  nunca. Para outros a unidade é um sopro de esperança de quem sonha em barrar o avanço da agenda fascista/conservadora, que levou embora sua qualidade de vida, que trouxe o desemprego, que precarizou seu trabalho, que trouxe de volta o fantasma da pobreza e da fome. Portanto, destruindo sem dó os direitos sociais e econômicos dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Não tenho dúvidas que há grandes desafios na construção desta unidade política, assim como não tenho dúvidas que hoje nosso afinamento programático é muito próximo por fruto do próprio processo de resistência nos parlamentos e nas ruas. Mas também sei que, na verdade, os desafios mais relacionados à institucionalidade dos partidos que aos setores da sociedade que se posicionam em defesa da democracia. Estes já reconhecem a importância de uma Frente, apontam suas principais lideranças e reconhecem a dimensão de Manuela neste momento histórico.

O que não podemos é nos perder em falsos debates, como  “prévias vs Congresso do Povo”. É preciso falar com a população não pelos jornais e redes sociais, mas olho no olho. Só será possível uma gestão popular se desacomodar Porto Alegre da insolvência, se ela for participativa e alimentada de um grande processo de mobilização social.

Exatamente por isso é necessário termos mais clarividência sobre os caminhos que a história nos apresenta, para que não caiamos em erros crassos por não visualizar quais opções podem trazer maiores condições de acumular força para derrotar Bolsonaro e seus asseclas. Sabemos que as eleições de 2020 serão centrais neste processo de acúmulo, porém não só para nós como também para eles.

Ao longo da nossa jovem República muitos foram os momentos em que forças obscuras se organizaram para impedir que setores progressistas conseguissem implementar qualquer centímetro da sua agenda. Nestes momentos, as vitórias de resistência sempre foram resultado da maior unidade possível dos setores progressistas. Podemos citar as eleições de 1955, quando uma frente democrática assegurou a posse de Juscelino e Jango; ou a crise de 1961 quando uma frente ainda mais ampla assegurou a posse de Jango, retardando o golpe militar consumado em 1964; ou ainda no processo de redemocratização; e por aí vai.

Janelas históricas não se abrem a todo momento, mas estamos diante de uma. Vencer as eleições municipais em Porto Alegre é central para a disputa do Brasil, já que a capital do Rio Grande do Sul poderá ser um símbolo de resistência para a nossa região e para o conjunto do país.

Desse modo, buscamos construir as alternativas do período com responsabilidade e compromisso, buscando a unidade em cada rincão. No Rio de Janeiro, por exemplo, prentendemos apoiar Marcelo Freixo do PSOL. Não temos problema em fazer gestos e construir a política com generosidade e reconhecimento.

Neste sentido, não tenho dúvidas que o PT, como maior partido deste campo, tem toda a legitimidade para dar andamento ao seu debate interno sobre tática eleitoral. E se porventura compreender que deve ofertar um nome para esta composição, ofertá-lo. O Partido dos Trabalhadores não pode se furtar do seu papel fundante, como um partido nacional, na estruturação deste levante popular contra a agenda ultraliberal que rouba a esperança do nosso povo. Pois não podemos esquecer que estes que são os protagonistas do processo.

Temos 40 anos de história na organização da luta popular,  e já ofertamos para esta cidade as melhores gestões de sua história com Olívio, Tarso, Raul e Verle. Foram 16 anos, profundamente transformadores de Frente Popular. Temos história, legado, formulação, capacidade técnica e significativa base social a ofertar a esta construção. E com tudo isso continuaremos empenhando nossos esforços para com os partidos do campo, De modo a viabilizarmos a maior unidade possível desde o primeiro turno. Agora esperamos a mesma sensibilidade e disposição para a efetivação do diálogo do conjuntos dos partidos que debatem a possibilidade de construção de uma frente.

Apenas com a instalação de uma mesa que possibilite o aprofundamento do debate sobre os marcos desta aliança será possível pavimentar a oportunização de uma construção conjunta, no diferentes territórios e setores. Assim, construindo a política que conduzirá a frente, coesionando a base social deste campo e nela consolidando a nossa unidade.  É fundante que as direções compreendam sua responsabilidade histórica na condução deste processo.

(*) 2ª vice-presidente do PT de Porto Alegre

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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