Henrique Fontana (*)
Durante esse ano ouvimos barbaridades pronunciadas pelo presidente da República e seus ministros, que a todo o momento reafirmam um perfil conservador, desaforado, autoritário, inimigo da Cultura, da Educação, da pesquisa e da diversidade. Muitas das frases ofendem a civilidade, a cidadania e a afirmação de um conceito de Nação. Mas, entre tantos disparates, nenhuma declaração é tão ilustrativa quanto a do ministro Paulo Guedes, ao final do ano: “Não olhe para nós procurando o fim da desigualdade social”.
Temos aí, sem retoques, na confissão do ministro impulsionada pela própria arrogância o verdadeiro caráter do Governo, sua razão de ser e o que se deve – ou melhor, não se deve – esperar dele. À Reforma da Previdência, realizada nos moldes que levaram ao empobrecimento dos aposentados no Chile – e que está sendo revista após a estrondosa reação popular –, seguiram-se ações como o fim do aumento real do salário mínimo, a retirada da multa de 10% nos casos de demissões.
A partir do congelamento dos investimentos federais em Saúde e Educação, através da Emenda Constitucional 95, o governo promoveu a drástica redução das políticas sociais, com os cortes ou a extinção de programas que amparam as populações mais pobres, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Farmácia Popular, Luz para Todos e o Pronaf.
É um governo para os ricos, para os privilegiados, para o capital financeiro em detrimento dos setores produtivos, indiferente ao drama social que se agrava e ao empobrecimento da população que é visível. Este é o grande desafio para 2020, não apenas para a oposição. É preciso que os setores de centro, que têm responsabilidade com o futuro do país, passem a se posicionar em relação ao bolsonarismo para deter o colapso em que o Brasil está mergulhado.
(*) Deputado federal (PT-RS)
§§§
As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.