Opinião
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9 de dezembro de 2019
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21:38

Um governo de mentiras no RS (por Sofia Cavedon)

Por
Sul 21
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Um governo de mentiras no RS (por Sofia Cavedon)
Um governo de mentiras no RS (por Sofia Cavedon)
Foto: Cpers Pelotas

Sofia Cavedon (*)

Na terceira semana de greve e nenhum sinal do governo de que vai ouvir a demanda dos professores, sequer da sociedade que os apoia e se comove de forma generalizada. A imposição de cortes profundos nas carreiras e ganhos de aposentadoria se faz numa articulação vergonhosa muitas vezes, como no episódio recente da nomeação de parente de presidente de partido aliado, que havia anunciado a contrariedade com os projetos, e em cima de mentiras repetidas à exaustão para se tornarem verdades incontestáveis.

As mentiras que se sucedem desde a eleição no mínimo colocam sob suspeição a seriedade do governante que afirmou muitas vezes na campanha que pagar em dia os salários era só uma questão de fluxo. Que faria com o mesmo dinheiro, citando sua gestão em Pelotas. Não conhecia ele a situação financeira do Estado? Claro que sim, pois que o governo anterior a alardeou o tempo todo e esse foi o debate da campanha eleitoral. E os dados não indicam piora.

No entanto, a nova modulação aparece logo no início do governo, antes mesmo de assumir na verdade, quando Leite apelou a todas as bancadas para que aprovassem a continuidade das alíquotas majoradas, pois que era necessário para colocar em dia os salários no primeiro ano do governo.

Esse argumento também passou a justificar a supressão do plebiscito e o pedido de autorização para a venda das empresas públicas durante o primeiro semestre de 2019 – a CEEE, a CRM e a SULGÁS – mas com a seguinte formulação, extenuadamente repetida por deputados da base e mesmo independentes favoráveis à privatização: Estado precisa priorizar a educação, a saúde e a segurança, não pode estar preocupado em ser dono de empresas.

E no momento seguinte, essas razões evaporam e as medidas não são suficientes mais uma vez. Tenta vender ações especiais do Banrisul, a preço vil, encaminha através da sua base na AL à privatização do banco dos gaúchos e apresenta esse pacote destruidor das carreiras públicas, confiscador de salários dos aposentados, na sua grande maioria de até cinco salários mínimos.

Nada sobra da ilusão que vendeu Eduardo Leite na campanha, pois que também o jeito como governaria – com diálogo e construção coletiva – desapareceu! Estamos na terceira semana de greve da educação, grandes atos e caminhadas das diferentes categorias e nenhuma mesa de negociação foi chamada.

 É de uma irresponsabilidade sem tamanho e de uma arrogância sem parâmetros, se acrescentarmos que de outro lado promove anistia de multas e juros aos devedores de ICM, se diz que é mito buscar os impostos devidos pela União pela Lei Kandir que desonera exportações, que não se empenha na ampliação da receita buscando investimentos, nem revisando isenções.

Nesse caminho, só leva o povo ao descrédito da política e o Rio Grande a perder ainda mais posições na qualidade de vida. Ele não nos serve, vamos aumentar a luta!

(*) Deputada estadual (PT), presidenta da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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