Opinião
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12 de dezembro de 2019
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00:30

Guerras brandas: armas cognitivas (por María Alejandra Díaz)

Por
Sul 21
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Guerras brandas: armas cognitivas (por María Alejandra Díaz)
Guerras brandas: armas cognitivas (por María Alejandra Díaz)
Foto: Joana Berwanger/Sul21

María Alejandra Díaz (*)

Os dispositivos conceptuais cognitivos aplicados pelo polo corporativo hegemônico transnacional, desintegram as nações e capturam o humano, mediante o controle espiritual (mental também), destruindo sua soberania, liberdade e vontade.

Desenham e executam algoritmos matemáticos informáticos opacos. Nas “letras miúdas” de suas políticas tentam eludir qualquer legalidade, permitindo-lhes monitorar, organizar, censurar, usar dados privados e instalar a servidão voluntária nos seres humanos.

Inadvertidamente participamos nesta guerra branda, travada com armas conceptuais de um alto nível de agressão cibernética. Quando consumimos conteúdos e usamos suas aplicações, deixamos simultaneamente traços digitais armazenados por eles no Big Data (magma de dados), processo de retroalimentação com fins de dominação, que se nutre do conhecimento de todos. Nova e imperceptível forma de domínio e exploração.

Dissolvem o acervo cultural: idioma, espiritualidade (escolas, igrejas, partidos políticos…), a história das nações e seus cidadãos, instituições jurídicas e simbólicas. No caso venezuelano, tentam apagar o nome do Pai da Pátria, a Moeda, a Constituição, causar dano espiritual e psicológico à população, mediante uma guerra civil fria. Plano de ocupação cinza (mediática, virtual) dirigido sobre tudo à população mais vulnerável (desarraigando-a e achatando-a), a médio e longo prazo, reduzindo-a a consumidora de conteúdos provenientes do mundo virtual.

Vivemos a era da disrupção tecnológica, indefesos proporcionamos dados, tornando-os fonte de riqueza incalculável para as corporações da GAFAT (Google, Amazon, Facebook, Apple e Twitter) e conferindo-lhes poderes ilimitados, voltando a feudalizar o planeta. Se queremos conservar a nação, a soberania e a independência, é inadiável desenvolver instrumentos tecnológicos e jurídicos próprios que permitam nos defender, proteger-nos e regular estas novas armas e estratégias cognitivas e algorítmicas de guerra branda que transformam e prejudicam sigilosamente nossa natureza mediante a orquestração metódica de uma guerra de todos contra todos onde, ao final, estabelecem e impõem o governo pelo caos.

(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

Tradução: Anisio Pires

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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