Opinião
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18 de dezembro de 2019
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14:28

Construa certo, contrate um arquiteto (por Evandro Medeiros)

Por
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Construa certo, contrate um arquiteto (por Evandro Medeiros)
Construa certo, contrate um arquiteto (por Evandro Medeiros)
Evandro Medeiros. (Foto: Carolina Jardine)

Evandro Medeiros (*)

Quando começamos a conversar sobre a possibilidade de compormos uma chapa para disputar a eleição do SAERGS, nossa primeira questão era sobre a necessidade do Sindicato.

Além da desregulamentação das relações trabalhistas e do fim da cultura de unicidade sindical, surgem, no Congresso Nacional, propostas que combatem a existência de entidades corporativas, interferindo no âmbito das relações profissionais. Contudo, diante de tantas adversidades, mas lembrando que o surgimento do sindicalismo no Brasil coincidiu exatamente com o fim da escravidão, a resposta, percebemos, estava na própria pergunta: é preciso estabelecer o contraponto aos ataques que o mundo do trabalho vem sofrendo, buscando, enquanto instituição, ressignificar-se para existir em prol do bem estar das relações humanas.

No caso da Arquitetura e do Urbanismo, onde a maioria dos profissionais atua como autônomo ou empregado – seja na esfera pública ou privada -, além da luta por mais justa retribuição, na forma de honorários ou salários, há a necessidade de lutar pela valorização e pelo protagonismo dos profissionais em seus campos de atuação, não apenas por méritos individuais, mas para melhores resultados da Arquitetura e do Urbanismo enquanto produção cultural.

Por isso, desde sua formação, o profissional da Arquitetura e Urbanismo merece especial atenção. É necessário encurtar relações com a Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura (FENEA) e os centros acadêmicos, indo até as escolas ou abrindo o sindicato para atividades comandas por eles, para que tanto consciência profissional como de classe façam parte da vivência dos futuros profissionais desde cedo.

Do outro lado, está a preocupação com a valorização e o protagonismo dos profissionais atuantes e que, não raras vezes, estão submetidos a interesses contrários as suas éticas profissionais. É preciso construir meios para ouvi-los e auxiliá-los e, quando na esfera pública, buscar a consciência dos gestores, através do diálogo, salientando o papel dos arquitetos no planejamento urbano. Cidades planejadas por arquitetos são lugares com melhores índices de qualidade de vida.

Sob esse aspecto, ainda, é preciso somar com outras entidades profissionais, como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB RS) e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS (CAU/RS), batalhando coletivamente por cidades inclusivas e democráticas. O melhor índice de segurança para uma cidade é se uma mulher pode sair sozinha e a maioria das cidades gaúchas falha nesse quesito.

De igual forma, é preciso prosseguir na luta pela moradia, através da Lei de Assistência Técnica para Habitações de Interesse Social (Lei de ATHIS), divulgando e demonstrando possibilidades de atuação para estudantes e profissionais, debatendo com a sociedade para promoção de políticas públicas e, principalmente, com os movimentos populares para ajuda-los nos processos para obtenção de suas moradias.

Enfim, e para concluir, se hoje estamos eleitos para dar seguimento à trajetória do SAERGS, é por reconhecermos e não desistirmos de seu passado.

(*) Arquiteto e urbanista, presidente do Sindicato dos Arquitetos no Estado do RS (Saergs) no triênio 2020/2022.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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