Opinião
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27 de novembro de 2019
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17:00

Educação no limbo (por Abigail Pereira)

Por
Sul 21
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Educação no limbo (por Abigail Pereira)
Educação no limbo (por Abigail Pereira)
Foto: Luiza Castro/Sul21

Abigail Pereira (*)

O dia 26 de novembro marcou mais um triste momento na vida dos professores do Estado. Em manifestação pacífica em frente ao Palácio Piratini, um grupo — que incluía a presidenta do Cpers, Helenir Schürer — foi agredido com cassetetes e spray de pimenta pela Brigada Militar. O lamentável ocorrido, além de ser um caso de violência física, simboliza também a violência moral e psicológica que nossos educadores e educadoras sofrem diariamente pelas mãos de governos neoliberais que agem na contramão do interesse público e criminalizam aqueles que se rebelam contra suas imposições.

O pacote de Eduardo Leite acaba com direitos da categoria, que já sofre com salários parcelados há 47 meses, com a redução em mais de 1/3 de seu poder de compra devido à falta de reposição inflacionária, com o sucateamento e a violência nas escolas. Para “sanar” as contas do Estado, Leite escolhe preservar privilégios de setores econômicos e atacar justamente quem já tem pouco e ainda assim, heroicamente, segue cumprindo seu papel de ensinar. Não à toa, os professores estão numa histórica greve, que já envolve mais de 1.500 escolas gaúchas, movimento que merece todo nosso apoio e solidariedade.

No município, Marchezan também investe numa política de descaso e desmonte dos serviços públicos. Servidores estão há três anos sem reposição da inflação, tiveram sua carreira destruída e enfrentam uma série de adversidades cotidianamente para cumprir seu papel. Nas escolas, faltam professores e condições adequadas para o exercício do ensino e mais de seis mil crianças aguardam vagas em creches. Ao invés de se debruçar sobre estes e outros problemas da educação, recentemente a secretaria responsável pela área apresentou projeto na Câmara, sem debater com professores e funcionários, que muda a forma de eleger as direções, reduzindo o peso do voto dos servidores, comprometendo a gestão democrática e penalizando diretores pelos resultados no Ideb. No plano nacional, um ministro completamente desqualificado para o cargo está destruindo o que foi construído, cortando verbas e atacando universidades, estudantes, professores e pesquisadores.

É comum ouvirmos, de governantes e da população, avaliações que colocam a educação como fator central para o desenvolvimento do país, como de fato é. Mas, na prática, esses mesmos governos agem no sentido contrário desta constatação, sucateando estruturas, desvalorizando o magistério, deixando de investir em políticas públicas consistentes e voltadas para um ensino público universal e de qualidade. Superar o tratamento indigno dado aos nossos educadores é um dos primeiros passos para construirmos um sistema de aprendizagem de fato eficiente. Isso é o mínimo que esperamos de quem está à frente da administração pública.

(*) Vice-presidenta do PCdoB-RS

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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