Opinião
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26 de novembro de 2019
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19:24

E as receitas? (por Alexandre Wollmann)

Por
Sul 21
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E as receitas? (por Alexandre Wollmann)
E as receitas? (por Alexandre Wollmann)

Alexandre Wollmann (*)

Com pouco ou nenhum constrangimento, os governadores gaúchos que se sucedem no Palácio Piratini nas últimas décadas têm em comum o enfrentamento da crise financeira do Estado colocando o foco de todos seus esforços e apetites na rubrica das despesas, na qual o servidor e a estrutura pública são tratados como vilões.

Enquanto isso, à sombra de generosos benefícios fiscais e da inexplicável precariedade na fiscalização, os interesses particulares de diversos setores econômicos e os sonegadores de impostos se regozijam pela falta de atenção governamental à rubrica das receitas. Seriam as despesas um problema tão grande se as contas públicas do Rio Grande do Sul fossem sistematicamente equilibradas com arrecadação maior, mais eficiente e mais transparente?

Reparem que nem mesmo a voracidade demonstrada na manutenção da majoração das alíquotas de ICMS foi capaz de sustentar uma mínima recuperação, embora tenha provocado grandes sacrifícios às famílias e à economia como um todo.

Alexandre Wollmann (Foto: Maia Rubim/Sul21)

Surge agora o projeto que propõe alterações significativas e perdas dramáticas às carreiras dos servidores, já acossados pelo arrocho salarial e pelos atrasos nos salários; um pacote de maldades que desde o início da tramitação, ou até mesmo antes, quando sua existência era ainda mera assombração, motivou milhares e milhares de servidores a correrem desenfreadamente rumo à aposentadoria.

Em síntese, o projeto não trará efeito algum nas contas públicas, como aliás, aconteceu com a extinção das fundações. No sentido contrário, a avalanche de aposentadorias, assim como a suspensão dos serviços prestados pela CIENTEC, FEE, Fundação Zoobotânica, entre outras, não provocará economia alguma às contas públicas. Em efeito, irá acelerar ainda mais a precarização dos serviços públicos prestados à população.

Está mais do que na hora da sociedade gaúcha exigir dos seus gestores e parlamentares uma posição mais firme e determinada na direção de avanços na arrecadação sem repassar mais encargos aos cidadãos.

Desde 2015, o Sindicato dos Engenheiros, em conjunto com diversas entidades parceiras, promove ações, cobra explicações, recorre à Justiça e aos órgãos de controle, apresenta números, seguindo um caminho de barreiras legais, políticas e de interesses nem sempre republicanos.  A sociedade gaúcha precisa de respostas imediatas a estes questionamentos.

(*) Presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul. Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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