Opinião
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14 de novembro de 2019
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00:52

Demolidores de sonhos no Planalto Central do Brasil (por Everton Gimenis)

Por
Sul 21
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Demolidores de sonhos no Planalto Central do Brasil (por Everton Gimenis)
Demolidores de sonhos no Planalto Central do Brasil (por Everton Gimenis)
Everton Gimenis. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Everton Gimenis (*)

No dia 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro tomou posse como Presidente do Brasil. Depois disso, imperou o ódio e o país nunca mais amanheceu em paz. É sabido que a noite abriga nossos sonhos e nossas esperanças. E é também na calada da noite que se embalam pacotes de maldades contra o povo trabalhador. Por isso, a noite sempre será bela e ao mesmo tempo letal.

Muitos trabalhadores e gente humilde se encantaram com a propaganda do, então, candidato Bolsonaro em 2018. É certo que uns tantos não votaram enganados ou iludidos. Nosso Sindicato, por exemplo, sempre alertou a categoria dos riscos que cada programa que este governo oferece.

O presidente Bolsonaro nunca mentiu sobre os direitos trabalhistas na sua campanha. Dizia aberta e claramente que as pessoas deveriam escolher entre empregos ou direitos. Argumentava que os trabalhadores no Brasil tinham muitos direitos e isso dificultava a geração de empregos. Afirmava, inclusive, que o difícil no nosso país era ser patrão. Com isso, justificava seu apoio a Lei da Terceirização Total, e a Reforma Trabalhista do Temer e defendia ampliar a retirada de direitos no seu governo. Avisou aos quatro cantos que faria tudo isso e assim foi e está sendo feito.

Aprovou a Reforma da Previdência, que acaba com a aposentadoria do povo trabalhador; mandou para o Congresso a Medida Provisória (MP) 881, embalada na propaganda de Liberdade Econômica. No fundo, uma mini Reforma Trabalhista, onde buscava acabar com a jornada de trabalho da categoria bancária, permitindo a abertura dos bancos nos finais de semana.

Porém, cometeu um erro pro seu projeto dar certo: não alterava o artigo 224 da CLT que garantia a nossa jornada de trabalho de 6 horas de segunda a sexta. Ou seja, se os bancos abrissem nos finais de semana, teriam que contratar outros trabalhadores, quem sabe, terceirizados, porque se convocasse os bancários para esse trabalho, estaria descumprindo a nossa jornada.

Agora ele tenta reeditar a PEC da maldade, enviando para o Congresso Nacional a MP 905 que corrige o erro do governo na MP anterior, dessa vez eles modificam o artigo 224 da CLT que garantia a jornada de trabalho da categoria bancária.

É fato que a MP tem uma contradição: O governo diz que a editou para gerar empregos, mas aumentando a jornada vai gerar é desemprego. Pela lógica, para gerar mais empregos, teria que diminuir nossa jornada, assim, os bancos teriam que contratar mais bancários para fazer o mesmo serviço. Fora o fato da medida mexer também na nossa PLR, o que não tem sentido nenhum para o objetivo que se propõe que é gerar empregos. Esta medida só vai possibilitar os bancos pagarem a PLR sem a necessidade de acordo com os Sindicatos, o que provavelmente diminuirá os valores desta conquista.

Além disso a MP reduz a contribuição do FGTS DE 8% PARA 2% E ISENTA O PATRÃO DE CONTRIBUIR PARA A Previdência do jovem funcionário que tem entre 18 e 29 anos e ganha até R$ 1.500,00. Isso, logo após uma dura Reforma justificada por um suposto déficit na Previdência. Para compensar, Bolsonaro cria um imposto sobre a miséria – descontando 7,5% do seguro desemprego, tomando de quem mais precisa. Agindo como um verdadeiro Robin Hood às avessas!

Tudo isso o Bolsonaro prometeu para seus eleitores na campanha. Hoje e com total razão, é cada vez maior o número de pessoas que votaram nele se sintam decepcionados e passaram a fazer oposição. É o caso, por exemplo, de alguns trabalhadores que ajudaram eleger uma figura que só pensa em atacar nossos direitos e a atazanar a vida do povo trabalhador.

Portanto, povo trabalhador, é preciso buscar a razão sem pensar em ser o único e em ser definitivo. Muitas vezes cometemos erros, nos iludimos e é necessário ser corajoso e humilde o suficiente para admitir e corrigir o curso de nossas vidas. O mundo em que vivemos é pequeno, mas na luta pela manutenção dos direitos e conquistas não podemos ficar sozinhos. A solidão é sempre ilusória.

As urnas colocaram uma penca de demolidores de sonhos no Planalto Central do Brasil. O País, as pessoas, estão fora da ordem. Juntos, precisamos combater estas medidas, mobilizar para garantir tudo o que conquistamos. Assim, o Brasil poderá voltar a amanhecer em paz.

(*) Presidente do SindBancários

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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