Opinião
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15 de novembro de 2019
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17:23

A Bolívia de Bolívar (por María Alejandra Díaz)

Por
Sul 21
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“Na Bolívia houve um golpe de Estado. Um presidente reeleito e em exercício”. (Reprodução/Telesur)

María Alejandra Díaz (*)

Sobre as riquezas de Potosí e Zakateka se fez a acumulação originária do capital (Marx). Pilhagem de riquezas, apropriação de território e genocídio de populações; modernidade e capitalismo que arrancam com violência contra nossos povos originários.

Ontem a prata, hoje o lítio e demais terras raras. Bolívia possui 70% das reservas deste minério imprescindível para baterias de veículos elétricos e celulares, meios que a Nova Ordem Mundial anglo-sionista pretende nos impor. São energias renováveis satanizando as fósseis, não por razões éticas como pretendem nos fazer crer, vinculando-as ao cuidado do planeta, mas sim para controlá-las, saqueá-las e desenhar espaços territoriais com populações dóceis que garantam paz para os capitais.

Na Bolívia houve um golpe de Estado. Um presidente reeleito e em exercício, produto da expressão da soberania popular, foi derrubado pelos capitais. Sua renúncia, sob coação e ameaça, não tem validade jurídica nem política, muito menos ética. Foi interrompida a linha de sucessão constitucional, pretendendo impor pela força una legalidade inexistente e violentando a Constituição.

Os pecados de Evo: saldar a dívida histórica, corrigindo as desigualdades, conseguindo o sonho de Bolívar, a igualdade social de condições e oportunidades, reduzindo a pobreza extrema de 38% para 15% e o desemprego de 8, 1% para 4,2%. O salário mínimo subiu de US$ 60 para US$ 360, obteve 74 bilhões de dólares com as nacionalizações de recursos vitais, ocasionando a fúria dos capitais e apátridas internos: Camacho, Meza, militares e policiais traidores.

A queima da Whipala, símbolo da resistência ancestral Aymara, substituindo-a pela Bíblia, é uma ofensa aos povos originários, a seus acervos e cultura que os liga à terra. Eles são uma subtração à pulsão homogeneizante da globalização que quer convertê-los em consumidores de seus produtos tóxicos.

É uma guerra de acumulação por despossessão, desoberanizando e desgeopolitizando a Bolívia. A filha predileta do Libertador Simón Bolívar está sendo tomada pela força, violando todos os direitos de seus filhos.

Advertimos aos capitais e a seus servis. O povo da Bolívia tem perfeito direito à rebelião, para a defesa de sua vida e integridade territorial. Não terão paz em nossas terras! Não, vão nos escravizar! Se não deixarem em paz a América do Sul, tocaremos fogo nos prados e vai se desatar a guerra dos mil anos.

Não se enganem.

(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

Tradução: Anisio Pires

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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