Opinião
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23 de outubro de 2019
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16:48

Sobre a liberação da Licença Prévia, pela Fepam, para o projeto Fosfato Três Estradas (por Jane Mara Souza)

Por
Sul 21
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Mineradora está prevista para ser instalada na comunidade de Três Estradas, interior de Lavras do Sul (Foto: Reprodução)

Jane Mara Souza (*)

Lamentável o descaso de diversas autoridades, escolhidas pelo povo e dos órgãos, que deveriam proteger o meio ambiente, o gaúcho e sua cultura (modo de vida, lazer, produção e sustento), optando pela liberação da LP, para a mineradora Águia Fertilizantes, a qual trará sérios riscos socioambientais envolvendo pessoas, campos nativos, matas ciliares e a bacia hidrográfica do rio Santa Maria, no bioma Pampa. Dentre os vários riscos que esse projeto trará, está a construção de uma barragem de rejeitos com o dobro do volume da de Brumadinho, onde será colocado o calcário excedente (que não conseguirem vender, devido a alta extração e produção). Barragem esta, que ficará a 2.5 km e com a taipa de terra, virada para as cabeceiras do arroio Taquarembó (na divisa de Dom Pedrito com Lavras do Sul), que deságua no rio Santa Maria, este no rio Ibicuí e enfim, no rio Uruguai (Bacia do Prata).

Sabe-se que entre outros processos, que devem ser falados por técnicos, existe um processo biológico chamado eutrofização, que entre outros fatores, pode ser causado por excesso de fertilizantes agrícolas, em águas com pouco movimento.

Localizado mais ou menos a 65 km abaixo dessa barragem de rejeitos, voltaram as obras do tão polêmico polo de irrigação (Barragem Taquarembó), que está sendo construído com dinheiro público, a uns 20 km da sede de Dom Pedrito. Barragem destinada à irrigação e abastecimento público.

Sabe-se que nenhuma barragem é segura.

Em um período volumoso de chuvas, o que está sendo bem comum em nossa região, como prever o quão volumoso será o próximo temporal? Se o volume d’água, ultrapassar as estruturas de segurança dessa barragem de rejeitos ou por alguma falha técnica, e a água passar por cima da taipa, o risco de rompimento, será enorme. Em um possível rompimento, o rejeito virá pelo arroio Taquarembó, podendo inundar o nosso polo de irrigação e seguir pelo Rio Santa Maria, até não se sabe onde…

Para um grande proprietário, a perda de uma parte de sua propriedade, pode não representar muito, mas para um pequeno proprietário, pode representar a perda de tudo!

Também sabemos que em regiões onde há mineração, os alimentos , a água, a produção animal, têm altos riscos de contaminação, e o que é produzido para comercialização é pouco apreciado no mercado.

A Vila de São Sebastião, no distrito de Torquato Severo, pertencente ao município de Dom Pedrito, é considerada pela mineradora, como área direta. Nossa comunidade precisa ter uma audiência pública, precisamos esclarecimentos. Entendemos que temos direito a esse instrumento, para que a população possa participar do processo de avaliação do impacto ambiental. A comunidade precisava ter sido ouvida e não foi! Queremos uma audiência pública!

Lastimável escolha a dos nossos representantes!

(*) Cidadã pedritense.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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