Raul Pont (*)
O Governo Bolsonaro atinge, aos oito meses de governo , quase 40% de ruim e péssimo na opinião pública em recente pesquisa do Instituto Data Folha. A crescente rejeição do “mito” é fruto da absoluta inadequação do personagem com a Presidência de uma nação com mais de 200 milhões de habitantes. Ignorância, grosserias, autoritarismo, desprezo pela democracia e obscurantismo preconceituoso somam-se, diariamente, em seus pronunciamentos e aparições públicas.
Além disso, a rejeição avança rapidamente pelas medidas anti-povo e anti-nação contidas nas medidas econômicas adotadas. Cortes orçamentários na Educação, na Saúde e na Assistência Social. A entrega criminosa do pré-sal , da Petrobrás , da exploração predatória do Meio Ambiente, da Eletrobrás , da rede de gasodutos , enfim, um desastre de proporções históricas.
Neste quadro, cresce também a oposição em várias frentes. As denúncias do The Intercept desmoralizam e geram autocríticas entre os algozes do MP e do judiciário da Operação Lava Jato.Por sinal,só a cumplicidade dos órgãos superiores e do Supremo explicam a impunidade da quadrilha montada por Moro e Dallagnol.Nas ruas, cresce o número de manifestações em defesa da Educação Pública, da Previdência ,dos direitos trabalhistas e sociais que estão sendo atacados, forçando recuos das medidas governamentais no Parlamento.
No Congresso, Partidos que votaram contra o impedimento de Dilma e atuaram juntos na defesa das leis trabalhistas e da Previdência vem assumindo uma oposição permanente contra o governo. PDT, PT, PSB, PSOL e PCdoB assinaram, também,manifesto de trabalho conjunto de oposição no país.
Além desses, há vários movimentos de (re) organização de partidos do campo de esquerda que não possuem representação parlamentar, mas, estão nas lutas sociais como PCB, PCO, PRC e outros.
Nas frentes sociais como a Frente Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo e, em todas as manifestações da juventude universitária e secundarista há a cobrança,o apelo na busca de unidade do campo popular.
Nesse sentido, para potencializar o trabalho de todos, para unificar os esforços é urgente que se construa uma unidade permanente e orgânica dessas forças para fazer frente ao adversário comum.Uma experiência dessas necessita observar amplitude e características básicas de tolerância e democracia.
Uma Frente Política de Partidos e organizações ou grupos partidários aberta a participação e adesão direta de cidadãos que concordem com o Programa e as formas de organização da Frente.
Um Programa comum, aprovado consensualmente na fundação da Frente onde se estabelecem os pontos de unidade do conjunto baseados na defesa da Democracia e das conquistas sociais que estão sendo atacadas, na Soberania Popular e Nacional.Este Programa comum não retira a autonomia e a existência soberana de cada Partido ou organização política,mas cria a unidade necessária para ampliação de sua força comum.
Uma Frente de caráter permanente e de extensão federativa que busque também uma ação parlamentar e governamental conjunta, inclusive com a busca de formas amplas e abertas nas indicações de candidaturas,regradas de forma consensual no interior da Frente.
Uma Frente com essas características requer, também, direções e coordenações estabelecidas por proporcionalidade consensuais de seus formadores bem como proporcionalidades de gênero, de idade e de raça em suas composições.
Uma Frente político-partidária nessas condições potencializaria a oposição, criaria algo novo e inédito na política brasileira e, inclusive, facilitaria a construção de identidade, coesão programática e confiança mútua para cumprir desafios eleitorais futuros. É o desafio que está colocado para o conjunto da oposição democrática e popular no Brasil.
(*) Professor, ex-deputado e ex-prefeito de Porto Alegre.
§§§
As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.
