Opinião
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11 de setembro de 2019
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18:29

Subjetivismo na segurança contra incêndios no RS (por João Leal Vivian)

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Subjetivismo na segurança contra incêndios no RS (por João Leal Vivian)
Subjetivismo na segurança contra incêndios no RS (por João Leal Vivian)
A lei aprovada em dezembro de 2013 foi motivada pela necessidade de medidas mais rigorosas diante do incêndio no Boate Kiss que fez 242 vítimas. (Foto:Agência Brasil)

João Leal Vivian (*)

Restando menos de quatro meses para o fim do prazo para adequação das edificações à Lei Kiss, poderíamos estar discutindo avanços e soluções para efetiva aplicação de segurança contra incêndios, mas o que vivemos é um debate rivalizado e subjetivo entre o sim e o não sobre a prorrogação da vigência.

Quando o Governo do Estado propôs a dilação dos prazos, esperávamos que seriam apresentadas justificativas, planejamento e indicadores que justificassem a medida. Nada plausível foi posto.

Alguns argumentos indicavam que as interdições ocorreriam de forma maciça e que a crise econômica impediria a aplicação dos recursos para a adequação por parte dos proprietários das edificações. Ao questionarmos os indicadores de gestão existentes para discutirmos com responsabilidade qualquer possibilidade de apoiarmos a proposta de prorrogação, nada foi apresentado.

Acreditávamos que com tais indicadores e com a possibilidade de atingirmos índices mais significativos de adequação de segurança contra incêndio, chegaríamos de maneira construtiva a uma solução para o problema. Mas o que se viu foram posições ideológicas e subjetivas.

Sem indicadores oficiais, estimamos que o Rio Grande do Sul possua mais de 250 mil alvarás e certificados de licenciamento sem o imprescindível envolvimento de um profissional legalmente habilitado como responsável técnico.

Estaria a sociedade gaúcha vivendo sob uma falsa segurança contra incêndio? Não ignoramos todas as dificuldades técnicas e econômicas que dificultam que muitos estabelecimentos alcancem a devida adequação à “nova” lei.

Porém, a proposta que está sendo conduzida é dilatarmos a adequação de maneira indiscriminada. Isso representaria uma grande injustiça com aqueles que já investiram na segurança.

Como alternativa à prorrogação de prazo, propomos a criação de um mecanismo similar a um Termo de Ajuste de Conduta. Sob este instrumento, todos os prédios que não se adequarem até o dia 27 de dezembro de 2019 poderiam requerer a dilação de prazo através de um profissional legalmente habilitado, apresentando um plano de trabalho/ação até obtenção do APPCI, cabendo assim ao Corpo de Bombeiros validar ou não os prazos propostos e fiscalizar a implantação das adequações.

Propor alternativas e tentar construir soluções não significa se afastar da discussão, nem simplesmente dizer não a prorrogação. Entendo que a proposta alternativa atende todos os anseios, sejam técnicos ou econômicos, da sociedade civil organizada, prorrogando prazos caso a caso, com avaliação técnica e responsável e não uma prorrogação tácita que beneficie e premie os omissos e os inertes.

(*) Engenheiro, diretor do SENGE-RS e Conselheiro do CREA-RS/COESPPCI.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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