Opinião
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24 de setembro de 2019
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13:26

Hegemoney (por María Alejandra Díaz)

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Sul 21
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Hegemoney (por María Alejandra Díaz)
Hegemoney (por María Alejandra Díaz)
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

María Alejandra Díaz (*)

Desde 1944, os EUA promoveram o estabelecimento de três sistemas mundiais: político (ONU), comercial (GATT, Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comercio, WTO, Organização do Comercio Mundial) e monetário/financeiro (Acordo de Bretton Woods) para estabelecer a liderança mundial do Dólar, ancorado no ouro.

Em 1971, Nixon e a FED eliminaram o padrão ouro, pressionaram a OPEP e acordaram com a Arábia Saudita que as transações mundiais de petróleo deviam ser estabelecidas em dólares, moeda carente de respaldo legal, contrariando o Artigo 1, Seções 8 e 10, da Constituição dos EUA, cujo texto dispõe que quem tem o poder de cunhar dinheiro e regular seu valor, é o Congresso.

O abandono da economia real em favor da especulativa desindustrializou os EUA gradualmente e o converteu em império financeiro. Usando o dólar como arma para a expansão colonial, monetizaram sua dívida ao infinito.

Todas as expansões financeiras levam a uma acumulação por despossessão, através de práticas canibais e desvalorizações forçadas, descarregando o peso da sobreacumulação, nos territórios vulneráveis (Harvey).

Essa Hegemoney, arma de guerra econômica, manifestou-se na Venezuela no dia 3 de fevereiro de 1999 com a imediata retirada por parte do EXIMBANK e outros organismos internacionais denominados Export Credit Agencies (Entes de Crédito à Exportação) do G8, deixando sem cobertura dos riscos creditícios os financiamentos outorgados à República e a PDVSA.

Tem que se quebrar a Hegemoney da monetização da FED, valendo-se dos comoditties, sobre tudo o ouro, dando um respaldo e padrão financeiro aos meios de pagamento com as riquezas naturais, propriedades da República. Para isso, devemos utilizar a tecnologia Blockchain, concedendo status de dinheiro às riquezas no subsolo e na superfície, com total poder liberatório imediato, mediante duas estratégias: uma de reengenharia financeira e outra física.

Com a quantia de Padrões Monetários do país (Petróleo, Gás Natural, Ouro e Diamantes, entre outros) lograremos derrotar qualquer surto inflacionário, mantendo estável o valor de nossa moeda, mediante a aplicação da fórmula do Índice de Estabilidade Monetária (IEM). Esta ofereceria um mecanismo para a incorporação ou desincorporação de volumes do Padrão ou Padrões para controlar, por uma parte, o aumento ou diminuição da cotização e por outra, a diminuição do volume do citado Padrão por efeito de sua extração.

Menção especial merece o caso do ouro, produto que tem uma utilidade marginal constante, isto é, uma mercadoria que tem a propriedade de, caso a pessoa compre mais, o valor da unidade não diminui, sendo o único que desafia a lei da utilidade marginal decrescente.

Devemos superar a guerra imperial contra a República Bolivariana da Venezuela e a visão de “retaguarda estratégica dos EUA” como espaço geográfico desde onde se extraem recursos financeiros, naturais, geoeconômicos, territoriais e até militares. Seria um ato audaz de soberania monetária e financeira, criando nossa própria “Hegemoney”, respaldada em comoditties. É inadiável e urgente.

(*) Advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

Tradução: Anisio Pires

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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