Opinião
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27 de agosto de 2019
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15:28

Periferia abandonada: hora de sair dos gabinetes (por Marcelo Sgarbossa)

Por
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Periferia abandonada: hora de sair dos gabinetes (por Marcelo Sgarbossa)
Periferia abandonada: hora de sair dos gabinetes (por Marcelo Sgarbossa)
Vereadores visitam casa de passagem conhecida como “Carandiru”, situada no bairro Navegantes. (Divulgação)

Marcelo Sgarbossa (*)

Temos usado o mandato na Câmara Municipal para conhecer e buscar formas de atender as demandas da população, especialmente de quem vive na periferia da Capital. Com o nome de “Vereador na Comunidade”, visitamos e estivemos reunidos com moradoras e moradores de mais de 20 vilas e regiões de Porto Alegre, nos últimos nove meses.

Apesar do descrédito latente da classe política junto à sociedade, essas comunidades nos receberam de forma cordial e interessada. Ávidas por atenção e atendimento às demandas, muitas pessoas comparecem nos encontros trazendo reivindicações e necessidades. Ao mesmo tempo em que nos tratam com carinho, nos cobram o justo: que a cidade seja voltada às pessoas que vivem nela.

Percebemos nessas andanças o quanto nossa gente está maltratada, sem esperança, abandonada pelos gestores públicos. Em vários locais que visitamos, crianças vivem em meio à sujeira, em condições insalubres, sem acesso à higiene básica. Um vereador, ainda mais de oposição, tem uma atuação limitada. Nossa obrigação é cobrar da Prefeitura, utilizando as ferramentas parlamentares que dispomos para buscar o melhor para as pessoas.

A pobreza, a falta de emprego, renda e oportunidades seguem dificultando a vida de muita gente. Ainda assim, pequenas conquistas nos trazem motivação por ajudar a quem tanto necessita. Já conseguimos fazer com que a Prefeitura se envolvesse mais em demandas de algumas comunidades.

Um dos exemplos envolve a comunidade que vive nas casas de passagem conhecidas como “Carandiru”, na rua Frederico Mentz, na zona Norte da Capital. Algumas famílias já estão no local (que deveria ser um abrigo passageiro) há cerca de 15 anos. Quando chove, a água da chuva, misturada com excrementos, invade as casas da comunidade, que reivindica saneamento básico e iluminação pública.

Após pautar a situação do “Carandiru” numa reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), conseguimos articular uma visita de vereadores e representantes da Prefeitura ao local. A atividade rendeu matérias na imprensa, ajudando a tirar essas pessoas da invisibilidade social e pressionando o Executivo a buscar soluções.

Outra comunidade da periferia que convive há anos com sérios problemas fica na Vila do Salso II, no bairro Restinga. A rua principal de saibro tem crateras gigantescas, que só fazem crescer a cada chuva, ainda mais com o intenso trânsito de veículos. Também conseguimos levar até lá um grupo de vereadores da Cuthab e representantes da Prefeitura. Vamos seguir pressionando para que medidas sejam tomadas e, assim, ao menos se possa amenizar as dificuldades de quem mora na região.

Sabemos que as demandas são inúmeras, mas seguiremos ouvindo e encaminhando os anseios as demandas das comunidades ao Executivo. Mesmo reconhecendo as dificuldades financeiras da Prefeitura, não podemos aceitar que o discurso da falta de recursos seja sempre a resposta quando o assunto é investimentos na periferia. A gestão pública tem que ter criatividade para efetivamente buscar soluções. A população está cansada de esperar.

(*) Vereador e líder da Bancada do PT Porto Alegre

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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