Opinião
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16 de agosto de 2019
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18:16

O Brasil profundo se move (por Frei Sérgio Antônio Görgen)

Por
Sul 21
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O Brasil profundo se move (por Frei Sérgio Antônio Görgen)
O Brasil profundo se move (por Frei Sérgio Antônio Görgen)
A mobilização teve a participação da Marcha das Mulheres Indígenas / Andressa Zumpano/CPT

(*) Frei Sérgio Antônio Görgen ofm

As Margaridas resistem em florescem.

Brasília viu no dia 14 de agosto de 2019 cem mil mulheres camponesas marchando altivas e dignas na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. Mulheres vindas de todos os cantões do Brasil, numa manifestação pacífica, porém firme, de denúncia da destruição de direitos duramente conquistados ao longo da história recente, do desmonte das empresas estratégicas patrimônio do povo brasileiro, da destruição da soberania nacional e popular resultado do golpe imperialista e enricado que domina o país nestes bicudos tempos de poder bolsonarista.

Foi a Marcha das Margaridas, homenagem à grande lutadora Margarida Maria Alves, assassinada pela mão armada do latifúndio.

Antes de mais nada, uma lição de unidade de todas as forças políticas populares do campo.

Além, um exemplo de organização, disciplina e simbologia de esperança.

Sem retórica incendiária, atitude de resistência, demonstração de clareza do que se quer, firmeza de posições, e mensagem clara aos ocupantes de plantão do executivo, legislativo e judiciário federal, escancarando seu divórcio com os anseios das massas cada vez mais violadas e roubadas em seus direitos e em seu patrimônio, rasgando o que resta da Constituição de 88. Demonstraram com nitidez que sabem o que representa o atual ocupante do executivo federal, destruidor de direitos e da economia nacional, trazendo fome e desemprego à desgraçar a vida do povo, o feminicídio e a violência estimulada e promovida, o envenenamento ainda maior da comida na mesa do povo.

É o Brasil profundo que se move, ainda lentamente e em atitude de resistência ativa. Registre-se. O Brasil profundo é feito de gente raiz, povo cerne, pessoas de fibra. Mais, muito mais, as mulheres. Lutadores e lutadoras resistentes construídas nas lutas – de sobrevivência e de cidadania – explodiram luzes de esperança para o presente e o futuro do Brasil.

O Brasil viu que a primavera virá e que as Margaridas florescerão.

(*) Frei Franciscano, autor de O Plano Camponês.

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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