Opinião
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15 de agosto de 2019
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12:47

Execução do Pronasci gerou recorde de investimentos em Segurança Pública no Brasil (por Guilherme Gomes)

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Sul 21
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Execução do Pronasci gerou recorde de investimentos em Segurança Pública no Brasil (por Guilherme Gomes)
Execução do Pronasci gerou recorde de investimentos em Segurança Pública no Brasil (por Guilherme Gomes)
Programa foi criado em 2007, durante o governo Lula. (Foto: Maycon Brum / Raízes em Movimento)

Guilherme Gomes (*)

É possível contar nos dedos de uma mão os momentos em que o país teve uma estratégia clara de ações visando a diminuição de violência e combate à criminalidade. Uma das exceções, ou a exceção, foi o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Criado em 2007 no Governo Lula, o programa previa o aumento de recursos para formação de policiais e agentes da área de segurança, investimento em equipamentos e tecnologia, projetos sociais, culturais e esportivos para jovens de periferias, criação de novas vagas no sistema prisional, policiamento comunitário, entre outras iniciativas.

O destino claro da aplicação dos recursos possibilitou um recorde na taxa de execução orçamentária nos anos de funcionamento do Pronasci. O maior investimento se deu em 2007, quando o ministro da Justiça era Tarso Genro. Naquele ano, foram investidos mais de R$ 1,8 bilhão —82% da dotação orçamentária daquele ano.

A informação foi publicada nesta quarta-feira (14) na Folha de São Paulo. A reportagem revelou que, até agora, o Governo Bolsonaro aplicou apenas 6,5% do orçamento previsto para Segurança Pública em 2019.

Pelo twitter, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro comentou os dados: “leiam, por favor, quem investiu mais em segurança pública. Foi em função do Pronasci, articulando políticas com estados e municípios…tudo posto abaixo e agora tudo um caos”.

Os dados apresentados pelo jornalista Rogério Pagnan revelam que dos R$ 1,7 bilhão previstos para este ano, somente R$ 113,8 milhões foram investidos por Bolsonaro, o equivalente a 6,5% dos recursos previstos para 2019 do Fundo Nacional de Segurança Pública. A fonte do levantamento é o Ministério do Planejamento (Confira a reportagem da Folha aqui)

Considerando os recursos empenhados, aqueles reservados para pagamentos planejados (que podem ser cancelados), o montante chega a R$ 232,7 milhões — ou 13% da dotação orçamentária atual.

A execução parcial do orçamento é recorrente na administração pública. No caso da Segurança, os dados do Pronasci sempre estiveram acima da média. Tanto que a efetividade do Programa foi alvo de um estudo da Fundação Getúlio Vargas (Confira o estudo: https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/estudo_3.pdf).

No documento de 60 páginas, alguns itens se destacam. Em 2008, por exemplo, a Concessão de Bolsa-Formação a Policiais Militares e Civis, Agentes Penitenciários, Guardas – Municipais, Bombeiros e Peritos Criminais atingiu 100% da meta. Foram previstos e empenhados R$ 153 milhões. Na compra de novos equipamentos para as diversas corporações policiais do país a taxa de execução no mesmo ano foi de 97,06% do orçamento. Já para o apoio à Construção de Estabelecimentos Penais nos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia e Rio Grande do Sul a execução orçamentário de 2008 atingiu o patamar de 98%. No caso do Pronasci, o investimento no sistema prisional tinha como estratégia a separação de presos por periculosidade diversa e a construção de unidades de saúde nas penitenciárias.

Com o término do Governo Lula, o Pronasci deixou de ser o programa prioritário na área de segurança pública e passou por sucessivas reduções orçamentárias, inviabilizando a continuidade do programa.

(*) Jornalista

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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