Opinião
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24 de julho de 2019
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12:34

Boris Johnson ao invés de Winston Churchill (por Alberto Kopittke)

Por
Sul 21
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Boris Johnson ao invés de Winston Churchill (por Alberto Kopittke)
Boris Johnson ao invés de Winston Churchill (por Alberto Kopittke)
Boris Johnson, ex-prefeito de Londres, é novo primeiro-ministro britânico / Reprodução | Facebook

Alberto Kopittke (*)

A eleição de Boris Johnson marca um dos mais perigosos passos do crescimento da onda fascista no mundo. Seu discurso radicalmente anti-Europa e as duras medidas de rompimento que promete, tendem a provocar um crescimento ainda mais acelerado do nacionalismo em todo o velho continente. Como vimos ao longo do século XX, o crescimento do nacionalismo na Europa tende a provocar catástrofes de grandes proporções em todo o planeta.
Recentemente estive nos EUA e pude perceber uma clara tendência que Donald Trump seja reeleito. Mas para isso, ao invés de moderar o seu discurso e suas ações, o que ele está fazendo é se radicalizar ainda mais, com ondas de expulsão de imigrantes em massa e o convite para que parlamentares latinas deixem o país. Enquanto isso, o Partido Democrata está mergulhado numa disputa fratricida e, em resposta aos ataques presidenciais, assumindo posições cada vez mais polarizadas.
A eleição de 2020 nos EUA é uma das mais importantes para o mundo desde a famosa eleição na Alemanha em 1932. Caso Trump seja reeleito, grupos de ultra direita em todo o continente latino- Americano tendem a se fortalecer e endurecer suas ações, implodindo as pontes democráticas e empurrando os setores mais progressistas para o isolamento e a radicalidade.
Ainda vivemos uma fase preliminar da ascensão fascista, na qual os seus líderes são considerados bufões populistas, aparentemente pouco perigosos. No entanto, paulatinamente a marcha da insensatez vai seguindo seu rumo, espalhando ódio e estimulando a polarização, fazendo a pátria nacional se tornar o último refúgio seguro para enfrentar um período de banalização do mal, como diria Hannah Arendt.
Pelos duros aprendizados históricos que teve, até o momento, quem está liderando o enfrentamento ao fascismo na Europa é a Alemanha, com Angela Merkel, que essa semana quebrou um grande tabu no país e homenageou os membros do exército que tentaram matar Hitler, fazendo um brilhante discurso destacando que o fascismo é a maior de todas as ameaças ao planeta. No entanto, essa união responsável entre o Partido Social Democrata e a União Democrata-Cristã, já tem data para acabar com a saída de Merkel do governo, que deve ocorrer em breve.
O maior problema é que os líderes democráticos para enfrentar esse período ainda não surgiram. Ao invés de de Winston Churchill, agora temos Boris Johnson.
(*) Diretor executivo do Instituto Cidade Segura

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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