Opinião
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26 de junho de 2019
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19:33

A Revolta de Stonewall veio para ficar (por Célio Golin)

Por
Sul 21
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A Revolta de Stonewall veio para ficar (por Célio Golin)
A Revolta de Stonewall veio para ficar (por Célio Golin)
Reprodução/Youtube

Célio Golin (*)

A luta da população lgbtq+ iniciou bem antes de Stonewall. Porém, o acontecimento conhecido como a “Revolta de Stonewall”, que ocorreu em 28 de junho de 1969, é uma marco para a luta desta população. Neste dia, os/as LGBTQ+ que frequentemente eram reprimidos e extorquidos pela polícia de Nova Iorque resolveram dizer que não aceitavam mais aquele lugar de submissão e protagonizaram uma ação de resistência que se estendeu por três dias nas ruas do bairro Greenwich Village. Dentre personagens que estiveram à frente desta batalha, Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, duas mulheres trans tiveram papel de destaque.

Importante ressaltar que nesta época, em Nova Iorque, era proibido bares e locais LGBTQ funcionarem, o que fazia que a clandestinidade abrisse portas para todo tipo de desrespeito. Osas frequentadoras eram desrespeitadas e extorquidas pelos proprietários e pela polícia.

A Revolta de Stonewall foi um marco, pois trouxe para o debate público a denúncia sobre a lgbtfobia e apontou para o movimento que as ruas precisavam romper com o armário. Depois de Stonewall as paradas surgiram em várias cidades do mundo.

Neste mês de junho a polícia de Nova Iorque se manifestou pedindo desculpa para a comunidade LGBTQ pelo tratamento que em 1969 dispensou aos frequentadores do bar Stonewall Inn. Em 2016, o então presidente Barack Obama reconheceu a importância da comunidade homossexual, designando Stonewall como monumento nacional.

Os impactos de Stonewall foram espalhados por vários lugares, fomentando organizações LGBTQ+. Atualmente, as paradas são um dos maiores movimentos de/na rua. No Brasil, foi a partir da década de 90 que o movimento rompeu com o armário e iniciou uma dinâmica que acontece em centenas de cidades brasileiras, mostrando que esta pauta não voltará a frequentar os armários do obscurantismo social. Em Porto Alegre, o Nuances realizou a primeira Parada Livre em 1997, e hoje, paradas acontecem em diversas cidades gaúchas.

As questões envolvendo a população LGBTQ+ precisam de muito debate, pois as violências contra esta população tendem a aumentar com os discursos de ódio hoje proferidos abertamente pelos que não acreditam que a democracia é um valor a ser defendido. Não podemos pensar que a pauta LGBTQ+ está dissociada das questões estruturais da sociedade, pois numa sociedade marcada pela classe socialraça, o projeto político neoliberal reduz as pessoas em consumidores e trabalhadores precarizados. A retirada de direitos em curso, vai atingir principalmente osas mais vulnerabilizadas, atingindo a população LGBTQ+. Que a luta e as paradas, apontem para um projeto solidário de sociedade e sejam uma luz em tempos de escuridão.

(*) Coordenador geral do Nuances

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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