Opinião
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29 de maio de 2019
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12:00

O PIG, as ruas e o futuro do governo (por Maister F. da Silva)

Por
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O PIG, as ruas e o futuro do governo (por Maister F. da Silva)
O PIG, as ruas e o futuro do governo (por Maister F. da Silva)
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Maister F. da Silva (*)

Com base na cobertura da grande mídia, a percepção do desenrolar das manifestações de rua e as movimentações do governo, é possível traduzir uma breve ilustração do momento político por que passa o país, refém do capital financeiro em última instância.

Analisemos alguns dos principais passos do PIG nos últimos 15 dias:

– Dá cobertura ininterrupta e ajuda a convocar os atos do 15M para forçar o governo a negociar, sabendo que era impossível instrumentalizar a grande massa que lutava contra os cortes do governo federal na educação pública;

– Boatos dão conta de que o Presidente recebe Paulo Tonet Camargo, representante da família Marinho, no Palácio do Planalto;

– Presidente desiste de participar do ato em seu apoio dia 26 de maio e recomenda publicamente que seus ministros e membros do governo também não compareçam;

– O ato do dia 26 de maio não é o ato avultante como os protagonizados pela direita anteriormente, caracteriza-se como um ato militante, bolsonaristas pedem fechamento do STF, do Congresso e atacam a chamada “velha política” representada pelo bloco fisiológico conhecido como “centrão”;

– PIG aproveita o ensejo, percebe que o Presidente ainda preserva determinado potencial mobilizatório e uma base militante disposta a defendê-lo;

– PIG traduz as manifestações na narrativa de que o dia 26 de maio foi pacífico, ordeiro e democrático e tinha como principal pauta a reforma da previdência;

– Conseguem que Dias Toffoli transforme a manifestação em algo maior do que realmente foi e montam o circo da assinatura de um pacto entre poderes em resposta aos manifestantes, um presente que atiça as hordas bolsonaristas;

– O PIG encontra seus verdadeiros “inocentes úteis” e vai instrumentalizar os protestos bolsonaristas, o presente de Dias Toffoli é quase como que um chamado aos insensatos em defesa da reforma. O mercado já tem sua infantaria pro combate;

– PIG age agora com absoluto desprezo para as duas próximas agendas de luta em defesa dos direitos, da democracia e da educação pública, praticamente despreza as movimentações para o dia 30 de maio e o dia 14 de junho.

Segue a disputa nas ruas – democracia x projeto ditatorial – e a disputa da narrativa pelas redes e pela mídia corporativa. No desfecho dessa disputa repousa o futuro do governo e o destino de milhares de vidas brasileiras, a reforma da previdência é o pêndulo da vida política nacional brasileira no momento.

(*) Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores e membro do FRONT – Instituto de Estudos Contemporâneos

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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