Opinião
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1 de maio de 2019
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13:58

Da produção, atividade de transformação da natureza, reconhecimento por quem trabalha (por Alex Cardoso)

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Sul 21
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Da produção, atividade de transformação da natureza, reconhecimento por quem trabalha (por Alex Cardoso)
Da produção, atividade de transformação da natureza, reconhecimento por quem trabalha (por Alex Cardoso)
Alex Cardoso. (Foto: Arquivo Pessoal)

Alex Cardoso (*)

O homem é um ser social, vive coletivamente e esta vivência se garante através da transformação da natureza em produtos como alimentos, roupas, móveis e tudo mais que nos rodeia, inclusive as organizações sociais.

A transformação da natureza se dá através do trabalho explorado das trabalhadoras e trabalhadores, que com seu trabalho, pagam os produtos, o custeio da produção, o marketing, seu salário e direitos, todos os impostos e ainda o lucro e a acumulação de riquezas do patrão.

A maioria das trabalhadoras e trabalhadores são pagas com salário mínimo (pressuposto, senão não existiria salário mínimo, né?) sendo que este salário tem por óbvio, suprir questões básicas da subsistência, comer e dormir, acumulando forças suficientes para poder produzir novamente.

Está lógica é tão infame que, em muitos casos, o próprio produtor do produto, com seu salário, não consegue comprar nem uma parte de sua produção, por muitas vezes, nem apenas um produto de sua produção, ou seja, não o produz para si, produz para quem pode pagar, para quem, logicamente então, não vive de trabalho, mas sim da exploração das trabalhadoras e trabalhadores.

Este trabalho de transformação gera rejeitos em toda a cadeia de produção, inclusive com as embalagens destes produtos, rejeitos considerados lixo, sem valor econômico mas com alto poder de poluição e destruição da natureza. Estes males, depois de recolhidos pelas catadoras e catadores, selecionados, separados, limpos, organizados, prensados, pesados, acondicionados, passam a ter valor.

Só que a injustiça é tão grande, que nós catadoras e catadores fazem 90% do trabalho e ficam com apenas 10% dos valores, sem direito a nem um salário mínimo, mesmo já entendido e legitimado por leis a importância do nosso trabalho.

Convoco neste Dia Internacional das Trabalhadoras e Trabalhadores, vocês a pensar em nós, que mesmo sem direitos, excluídos deste “circo legal” de exploração, somos então um dos mais explorados e mesmo assim, não desistimos de trabalhar honestamente.

Vai ver que somos tão excluídos porque somos composto por 75% mulheres e quase 90% negras, mães de família que moram 100% em subúrbios, lixões, favelas, ocupações e vilas afastadas dos centros econômicos ou quando moramos no centro, moramos nas ruas.

E a reforma da previdência? Somos contra apesar de não termos o direito de receber por tempo de trabalho.

Pense nisso, conte conosco que contamos com vocês.

Viva o 1° de maio, dia internacional das trabalhadoras e trabalhadores.

Viva as catadoras e catadores e nosso movimento que nos da voz e o direito de lutar.

Viva o MNCR.

(*) Catador de materiais recicláveis

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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