Opinião
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5 de abril de 2019
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18:01

Vereadores de Porto Alegre, não tirem as praças e parques da população (por coletivo de entidades)

Por
Sul 21
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Vereadores de Porto Alegre, não tirem as praças e parques da população (por coletivo de entidades)
Vereadores de Porto Alegre, não tirem as praças e parques da população (por coletivo de entidades)
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Coletivo de entidades (*)

Prezado(a)s vereadores e vereadoras

Nossas praças e parques são bens coletivos fundamentais para a vida digna do povo porto-alegrense. Portanto, nenhum governante tem o direito de retirar da população parte ou a totalidade desses espaços. Projetos como o PL 011/2018 deveriam ser objeto de amplo debate com a sociedade para tentar buscar uma solução sem prejuízo da população (Art. 6º da Lei Orgânica do Município). O povo porto-alegrense nunca declinou de debater e buscar soluções diante das crises. A história da cidade comprova isso.

Nossas praças e parques são espaços democráticos e livres, abertos a todos, sem distinção. A população precisa e utiliza estes espaços, dando-lhes vitalidade, além de contribuir permanentemente com sua manutenção através dos tributos que lhe cabe.

Para milhares de famílias da cidade, os espaços públicos constituem a única opção de lazer. Lá eles são acolhidos como cidadãos com plenos direitos, gozam do direito à cidade e ao lazer em condições de igualdade. A praça pública é dos poucos espaços na cidade onde o cidadão não é tratado conforme seu poder econômico ou classe social. Nas praças e parques públicos todos dividem os mesmos bancos, os mesmos brinquedos, passeiam pelos mesmos caminhos de forma democrática, ao contrário do que ocorre nos espaços privados da cidade.

Tudo isto está ameaçado pelo PL 011/2018 proposto pelo Executivo Municipal. O projeto propõe a concessão de nossas praças e parques à iniciativa privada por longos 35 anos, permitindo a exploração comercial desses espaços pelos investidores. O PL prevê que os concessionários possam realizar investimentos e cobrar ingresso para a utilização dos mesmos.

Mas nossa cidade não é mercadoria e não está a venda.

A administração que insiste tanto na redução de alguns custos dedica dezenas de milhões anualmente para a publicidade, e não demonstra o mesmo empenho para aumentar a arrecadação, possibilitando o atendimento das necessidades da população.

No caso da manutenção dos espaços públicos, os recursos poderiam vir de instrumentos previstos na legislação urbanística brasileira, como a venda do Solo Criado e o IPTU progressivo no tempo para imóveis subaproveitados.

O PL 011/2018 representa não só a entrega de parte do território do povo porto-alegrense, mas também seu direito de uso sobre estes espaços coletivos.

Segundo a Lei Orgânica de Porto Alegre, “todo o poder do Município emana do povo porto-alegrense, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. É com este sentimento que conclamamos aos vereadores de Porto Alegre, abaixo, que rejeitem integralmente o PL 011/2018 retirando-o da pauta. Protejam nossa cidade e nossos direitos. Não permitam que a prefeitura entregue nossas praças e parques para a exploração comercial. Contamos com vocês.

(*) Assinam este manifesto:

1. Fórum da Região de Gestão e Planejamento 1 – RGP1

2. CCD – Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vilas Conceição e Assunção.

3. Chega de Demolir Porto Alegre

4. Coletivo A Cidade Que Queremos

5. Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre

6. Coletivo TransLAB.URB

7. AMACAIS – Associação Amigos Cais Mauá

8. Ksarosa

9. DAFA – Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura

10.NUANCES – Grupo pela Livre Expressão Sexual

11. Movimento de Luta nas Vilas, Bairros e Favelas – MLB

12.Unidade Popular pelo Socialismo – UP

13.Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM

14.Guayí

15.Movimento de Mulheres Olga Benário

16.Movimento Correnteza

17.Cooperativa de Trabalho e Habitação 20 de Novembro

18.Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB

19.Acesso Cidadania

20.Amigos da Terra Brasil

21.Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST

22.Federação Nacional dos Arquitetos – FNA

23.Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul

24.Sindicato dos Economistas do Rio Grande do Sul

25.Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – SATED

26.Central dos Movimentos Populares

27.Núcleo de Estudos em Políticas e Tecnologias Contemporâneas de Subjetivação – UFRGS

28.Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO

29. Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Local Porto Alegre

30. Associação Representativa Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha ARCCOV

31. Movimento Amigos do Viaduto Otávio Rocha

32.Coletivo Catarse

33.Conselheiro do CMDUA representante da RGP1 – Felisberto Seabra Luisi

34.Conselheira do CMDUA representante da UFRGS – Livia Teresinha Salomão Piccinini

35.Movimento Preserva Belém Novo

36.Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – Sindjors

37.Associação Mães&Pais pela Democracia

38.Grupo de Pesquisa Identidade e Território – GPIT – UFRGS

39.Coletivo Ambiente Crítico

40.Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico – IBDU

41.Preserva Arado

42.BR Cidades Nacional

43.Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul – SAERGS

44.Coletivo ARRUAÇA

45.Professores pela Democracia

46.Raiz Movimento Cidadanista

47.Associação Mocambo

48.Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento/GPACE

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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