Opinião
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9 de abril de 2019
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18:12

A falácia de Paulo Germano (por Rodrigo Dilelio)

Por
Sul 21
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A falácia de Paulo Germano (por Rodrigo Dilelio)
A falácia de Paulo Germano (por Rodrigo Dilelio)
Foto: Guilherme Santos/Sul21

Rodrigo Dilelio (*)

Na sua coluna de hoje, o jornalista de Zero Hora ataca a posição da esquerda Porto Alegrense por esta posicionar-se contrariamente à entrega das praças da cidade à iniciativa privada, para que esta – com boas ou más intenções, faça uso da forma como melhor lhe convier. O argumento é mais falacioso do que desonesto, e friso o mais “falacioso do que desonesto” como gesto de boa vontade com o colunista de Zero Hora.

O jornalista afirma que a posição da esquerda, ao alertar à população para possibilidade de cobrança de ingressos é “desonesta”. O jornalista também afirma que o Parque da Redenção está “esculhambado”. Germano afirma que seria ótimo se houvesse mais parquinhos, mais “Cafés do Lago”, bares, churrascarias e etc pelos parques da cidade. Na ansiedade em defender o projeto do prefeito, Germano afirma que o discurso contra a privatização do espaço público é uma abstração dos anos 1990.

O argumento em sua totalidade é falacioso pois a operação do Café do Lago no parque da Redenção, bem como o Parquinho, não exigiu a concessão de 35 anos de uso para qualquer administrador privado, mas a concertação entre interesses públicos, revitalização do parque, e privados, instituir uma atividade econômica orientada pelo lucro. A construção do Centro de Eventos do Parque Harmonia, bem como da churrascaria no mesmo parque também estão lá, sem que fosse necessário a aprovação do projeto em questão. Sejamos francos: o projeto do Governo Municipal pretende ir além e se não fosse por isso, Marchezan não estaria tão disposto a aprovar o referido projeto.

Chama atenção que o jornalista, sempre tão esmerado em atacar os blá blá blá’s ideológicos, se junte a Marchezan para tentar convencer a população de que o melhor usufruto dos parques e espaços públicos será idealmente alcançado a partir do consumo e da mercantilização destes espaços, esquecendo que a atividade fim dos parques é reunir as pessoas para se exercitar, conversar, deixar as crianças e os próprios adultos correr a Deus dará.

Eu convido o nobre colunista e seu amigo, Marchezan, a visitar os shoppings da cidade, todos com inúmeras lojas fechadas, bem como o atual Araújo Viana, a maior parte do tempo fechado e completamente sub utilizado, o que deve ser motivo de vergonha para uma cidade acostumada ao longo de duas gerações a lançar seus talentos musicais naquele palco.

Eu também convido o nobre colunista a revisar os argumentos mobilizados no contexto das privatizações dos anos 1990. De lá para cá, o serviço de telefonia manteve-se entre vos mais caros do mundo, além da péssima qualidade. Acompanhamos as tragédias em duas minas de exploração da Companhia Vale do Rio Doce, onde havia até uma contabilidade da morte, com valores presumidos de investimentos em segurança x custos com indenizações. Essas abstrações sobre a privatização são realmente vergonhosas, meu caro! (contém ironia)

Finalmente, o debate sobre o uso dos espaços públicos em Porto Alegre é fundamental para compreendermos a visão que cada um dos atores e as instituições têm sobre a cidade. Eu convido Paulo Germano a expressar cada vez mais a sua opinião sobre a cidade pois ela é uma ótima referência para entendermos o que é uma visão elitista, tão própria da falta de inteligência que assombra o nosso tempo.


(*) Presidente do PT Porto Alegre

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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