Opinião
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12 de março de 2019
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13:29

Pautas morais em disputa (por Célio Golin)

Por
Sul 21
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Pautas morais em disputa (por Célio Golin)
Pautas morais em disputa (por Célio Golin)
 Foto: Guilherme Santos/Sul21

Célio Golin (*)

O último processo eleitoral trouxe para o cenário político brasileiro as questões morais envolvendo a sexualidade de forma muito evidente.  Essas pautas, reconhecidas como “guerras culturais”, principalmente as que envolvem a população LGBTQ+, estão no centro do debate.

Nas duas últimas décadas essa população saiu de uma marginalização política, e vem ocupando espaços importantes, mesmo que ainda enfrentando estigmas e violências, mas comparado a décadas passadas é inegável que a visibilidade do debate rompeu com armários seculares, promovendo uma reação de setores conservadores.

Com o argumento de proteger as crianças de temas envolvendo a sexualidade precoce, e corroborando com a onda conservadora, está tramitando na Câmara Municipal de Vereadores, o projeto do vereador Wambert Di Lorenzo, do PROS, que estabelece normas para conteúdos que podem ser discutido na rede pública municipal de educação.

Este cenário sombrio que está posto no país, lembra o que vem ocorrendo na Rússia onde no governo de Vladmir Putin, aprovou leis que proíbem que os LGBTQs e seus símbolos, como bandeiras, possam ser expostos em público. O argumento é de que este tipo de iniciativa influenciaria as crianças a serem LGBTQs.

Sabemos que hoje com as tecnologias a criança tem acesso a muitos conteúdos que tratam de sexualidade, e que o tema encontra no ambiente familiar muita resistência e tabu. São inúmeros os casos, principalmente as travestis e transexuais que abandonam seus lares precocemente em decorrência do preconceito que sofrem dentro de casa.

Sabemos que assuntos de assédio moral e violência de gênero estão diariamente nas manchetes da mídia, revelando que a omissão do debate só vai contribuir para que esta realidade continue. A prevenção só será possível se as crianças tiverem a oportunidade de discutir de forma aberta e clara sem os ranços moralistas, e a escola é local privilegiado para isto.

O novo cenário que agora está posto pelo governo federal, os temas morais estão sendo disputado pelos setores conservadores da sociedade, refletindo em iniciativas de parlamentares que querem ocupar a pauta. A consequência que teremos, não se limita ao debate público somente, mas vai se refletir no aumento da violência e intolerância contra mulheres, negros e LGBTQ+.

(*) Militante do Nuances – grupo pela livre expressão sexual

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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